A Tela Quente desta segunda-feira (21) tem cara de Sessão da Tarde. Em cartaz a partir das 22h35min na RBS TV, Shazam! (2019) foi bem definido por seus realizadores como uma mistura de Superman (1978) e Quero Ser Grande (1988).
Trata-se de um filme baseado nas histórias em quadrinhos do super-herói criado em 1940 pelo roteirista Bill Parker e pelo desenhista C.C. Beck e que faz parte do panteão da DC Comics — dizem que, em um combate, só perde para o Superman. Para dirigir, a Warner chamou um diretor de terror, o sueco David F. Sandberg, de Quando as Luzes se Apagam (2013) e Annabelle 2: A Criação do Mal (2017). Em Shazam!, no entanto, ele investe na aventura, na comédia e na fantasia. Até lança mão de cenas escuras e sustos, mas isso se justifica: as primeiras realçam os raios disparados pelo personagem, os últimos ocorrem porque, ora, pode ser apavorante para um adolescente virar um adulto da noite para o dia. E não só um adulto, mas um com superpoderes.
É aí que entra a referência a Quero Ser Grande, exibido pelo menos nove vezes na faixa da Sessão da Tarde. Nessa comédia de Penny Marshall indicada aos Oscar de melhor ator (Tom Hanks) e roteiro original, um menino de 12 anos quer crescer para conquistar uma garota. Ele faz um desejo a uma máquina fantasmagórica em um parque de diversões e vira o personagem interpretado por Hanks. Só que, parafraseando os gibis do Homem-Aranha, com roupas grandes vêm grandes responsabilidades. Josh tem de trabalhar para viver sua nova vida em Nova York — nem que seja, quer dizer, melhor que seja em uma loja de brinquedos, onde, em uma cena antológica, toca o jazz Heart and Soul na companhia do dono do estabelecimento (Robert Loggia).
Essa cena é homenageada em Shazam!, que é justamente a história de um adolescente transformado em, digamos, adulto. Mas o filme começa mostrando o surgimento de seu antagonista: na Nova York de 1974, um garoto chamado Thaddeus Silvana é magicamente transportado para a Pedra da Eternidade pelo antigo mago Shazam (Djimon Hounsou), que passou séculos procurando por um novo campeão, alguém "puro de coração". Não será o caso de Thaddeus, suscetível aos Sete Pecados Capitais, representados por monstros que aludem a outros dois títulos clássicos da década de 1980 e da Sessão da Tarde: Gremlins e Os Caça-Fantasmas. Mais velho, ele assume a alcunha de Doutor Silvana (interpretado por Mark Strong).
Na Filadélfia do tempo presente, na época do Natal, Billy Batson (encarnado por Asher Angel) é um órfão de 14 anos que procura por sua mãe biológica. Ele acaba levado por uma assistente social à família de Victor e Rosa Vazquez, que já têm cinco filhos adotivos: Mary, Pedro, Eugene, Darla e o novo colega de quarto de Billy, Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer).
Billy vai ajudar Freddy na escola, onde este último sofre bullying, e Freddy — um leitor voraz de quadrinhos de super-herói — vai ajudar Billy a lidar com sua nova condição ao se tornar o escolhido do velho mago cujo nome é um acrônimo de Salomão (sabedoria), Hércules (força física), Atlas (resistência), Zeus (poderes mágicos), Aquiles (coragem) e Mercúrio (velocidade e voo). Ao dizer "Shazam!", o garoto ganha o corpo, as caretas e o carisma de Zachary Levi, ator das séries cômicas Less Than Perfect (2002-2006) e Chuck (2007-2012).
Shazam! não foi um arrasa-quarteirão — sequer entra na lista das 50 maiores bilheterias no gênero dos super-heróis. Mas a soma dos US$ 365,9 milhões arrecadados com a boa receptividade da crítica (tem 90% de avaliações positivas no Rotten Tomatoes) garantiram uma sequência — Shazam! 2: Fúria dos Deuses, marcado para 2023 e também dirigido por Adam F. Sandberg. E pavimentaram o caminho para o filme Adão Negro, de Jaume Collet-Serra, que estreia em julho de 2022 com Dwayne Johnson na pele de um anti-herói — nos quadrinhos, o personagem é um vilão de Shazam!.