Neste sábado, 28 de agosto, completa-se um ano da morte de Chadwick Boseman, que enfrentou em segredo um câncer de cólon. O ator estadunidense tinha 43 anos e estava no auge da carreira, graças ao sucesso financeiro e ao reconhecimento artístico de Pantera Negra (2018), que arrecadou US$ 1,3 bilhão (é a 12ª maior bilheteria da história) e se tornou a primeira aventura de super-herói indicada ao Oscar de melhor filme. E é um dos 10 títulos que selecionei no streaming para marcar a saudade deixada por esse filho da cidade de Anderson, na Carolina do Sul.
Boseman era um astro tardio. Já tinha seus 35 anos quando foi escalado para encarnar, em 42: A História de uma Lenda (2013), o primeiro negro a jogar na Major League, a competição de elite do beisebol nos Estados Unidos: Jackie Robinson (1919-1972), um dos grandes ídolos desse esporte. Em seguida, encabeçou outra cinebiografia, a de James Brown (1933-2006), o rei do funk, em Get On Up (2014). Deu vida a um terceiro herói da vida real em Marshall: Igualdade e Justiça (2017), sobre Thurgood Marshall (1908-1993), primeiro juiz negro a chegar à Primeira Corte.
Depois de estrear como T'Challa, ainda na condição de príncipe de Wakanda, em Capitão América: Guerra Civil (2016), protagonizou o filme solo do Pantera Negra e apareceu em mais duas produções do Universo Cinematográfico Marvel: Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019).
Seus derradeiros trabalhos deram mostra de sua versatilidade — e do tamanho de sua perda. Boseman interpretou um detetive muito fiel a seu código moral no ótimo policial Crime Sem Saída (2019), um militar da Guerra do Vietnã descrito como uma mistura de Malcolm X e Martin Luther King em Destacamento Blood (2020), de Spike Lee, e um trompetista ambicioso e com um passado traumático no potente drama sobre racismo A Voz Suprema do Blues (2021). Lançado postumamente, este último filme valeu a Boseman o Globo de Ouro e o troféu do Sindicato dos Atores dos EUA e sua única indicação ao Oscar — acabou derrotado por Anthony Hopkins, melhor ator por Meu Pai.
No Limite: A História de Ernie Davis (2008)
Então com 31 anos, Chadwick Boseman é apenas um mero coadjuvante — o jogador de futebol americano Floyd Little (1942-2021) —, com poucos minutos em cena, neste filme de Gary Fleder que marcou sua estreia em longas-metragens. O tema é a meteórica carreira de Ernie Davis (vivido quando criança por Justin Martin e quando adulto por Rob Brown), o primeiro atleta negro do esporte a ganhar o cobiçado troféu Heisman. (Google Play e YouTube)
42: A História de uma Lenda (2013)
Na obra do diretor Brian Helgeland, Boseman interpreta Jackie Robinson, primeiro jogador negro de beisebol recrutado para disputar a Major League. No elenco, Harrison Ford, como Branch Rickey, o responsável pela iniciativa. (Google Play e YouTube)
Get On Up: James Brown (2014)
A cinebiografia dirigida por Tate Taylor retrata a vida de James Brown desde a infância pobre na Carolina do Sul até se tornar o pai do soul e o rei do funk, passando pelos abusos sofridos e os tempos de prisão. Participam Viola Davis e Octavia Spencer. (Google Play e YouTube)
Deuses do Egito (2016)
Aventura do diretor Alex Proyas que mostra o confronto entre o deus do ar, Hórus (vivido pelo dinamarquês Nikolaj Coster-Waldau) e Set (o escocês Gerard Butler), o deus da escuridão. Boseman faz o papel de Thoth, o deus da sabedoria. (Netflix)
King: Uma História de Vingança (2016)
Na busca por vingança pelo assassinato de sua irmã, um sul-africano se infiltra em uma rede do crime em Los Angeles. A direção é de Fabrice Du Welz, e o elenco conta com Luke Evans, Teresa Palmer e Alfred Molina. (Netflix)
Marshall: Igualdade e Justiça (2017)
Ante de se tornar o primeiro juiz afrodescendente da Superma Corte dos EUA, Thurgood Marshall, na década de 1940, precisa defender Josepho Spell (interpretado por Sterling K. Brown), um chofer negro acusado de estuprar sua patroa, a socialite branca Eleanor Strubing (Kate Hudson). Reginald Hudlin dirige o filme, que também tem os atores Josh Gad, Dan Stevens e James Cromwell. (Paramount+, Google Play e YouTube)
Pantera Negra (2018)
No filme de Ryan Coogler, o rei T'Challa vê sua soberania em Wakanda ameaçada pela ascensão de Killmonger (Michael B. Jordan), um vilão cujo discurso sobre a herança nefasta do colonialismo na África e sobre a escravidão é capaz de sensibilizar o super-herói. (Disney+)
Crime Sem Saída (2019)
Sob direção de Brian Kirk, Chadwick Boseman encarna um detetive de Nova York encarregado pelo capitão McKenna (J.K. Simmons) de caçar dois assaltantes (Taylor Kitsch e Stephan James) envolvidos num assalto e numa matança de policiais. (Amazon Prime Video)
Destacamento Blood (2020)
Quatro veteranos da Guerra do Vietnã (personagens de Delroy Lindo, Clarke Peters, Norm Lewis e Isiah Whitlock Jr.) voltam ao sudeste asiático à procura de um tesouro e dos restos mortais de seu comandante (Chadwick Boseman). A direção é de Spike Lee. (Netflix)
A Voz Suprema do Blues (2020)
Na Chicago de 1927, o diretor George C. Wolfe recria os bastidores da gravação de Black Bottom, um dos sucessos da cantora Ma Rainey (vivida por Viola Davis), considerada a mãe do blues. Boseman interpreta o trompetista Levee, que entra em conflito com a estrela por querer imprimir um andamento mais rápido, mais ao gosto da audiência branca. (Netflix)
Bônus: What If...? (2021)
Antes de morrer, o ator gravou a voz do Pantera Negra para quatro episódios da série de animação da Marvel que explora o que aconteceria se momentos importantes dos filmes do UCM ocorressem de forma diferente. (Disney+)