O jornalista Halder Ramos foi um dos primeiros a chegar ao local onde um avião caiu em Gramado, cerca de 20 minutos após o acidente. Morador da Região das Hortênsias há 36 anos, ele conta o que viu na manhã deste domingo, 22 de dezembro:
"O primeiro relato sobre o acidente aéreo chegou por mensagem, às 9h18min da manhã deste domingo, dia 22. Um amigo que mora no bairro Avenida Central, quase ao lado do local da tragédia, enviou dois áudios narrando a situação:
— Deu um estouro gigante na avenida agora e um cheiro insuportável de querosene. Caiu um avião, caiu um avião do lado do Posto Moschen. Eu não tenho coragem de ir ali ver. Fica a uns 100 metros aqui de casa. Acho que não atingiu o posto, mas o cheiro de querosene não dá para aguentar — contava o amigo Guilherme Corrêa.
Imaginando a gravidade da situação, levantei rapidamente e fui ao local do acidente. Chovia torrencialmente em Gramado e uma densa neblina encobria a cidade. Nas redondezas, o fluxo de veículos estava intenso. A Avenida das Hortênsias é a principal via de ligação entre Gramado e Canela, que estão completamente lotadas por conta das comemorações natalinas.
Com o trânsito lento, estacionei e fui caminhando por cerca de 500 metros. Ao descer do carro, o cheiro de querosene pairava no ar. Cheguei no ponto do acidente, que fica na esquina da Rua Ema Ferreira Bastos com avenida das Hortênsias, às 9h44min. Os bombeiros controlavam as chamas e diversas equipes de segurança isolavam a área. Vizinhos e curiosos gravavam a situação com celulares. O temor de explosões fez os policias militares aumentar a zona de isolamento.
Em busca de informações, tentei conversar com representantes dos órgãos de segurança. Nada foi oficialmente confirmado. No entanto, informalmente, as notícias eram as piores possíveis: um avião bateu contra um prédio e caiu dentro de uma loja de móveis. Nenhum dos passageiros da aeronave havia sobrevivido. Crianças estavam entre as vítimas. Na queda, uma grande explosão foi registrada, atingindo uma pousada vizinha e deixando feridos. As vítimas foram socorridas ao Hospital Arcanjo São Miguel.
Além do forte cheiro de querosene e fumaça, os estragos podiam ser percebidos do outro lado da avenida que liga Gramado e Canela. Lojas de veículos tiveram os vidros da fachada quebrados com o estrondo.
Gramado e Canela, que estavam radiantes com a volta da movimentação turística, acordaram perplexas com a notícia da maior tragédia aérea da história da Região das Hortênsias."