Mesmo sob o impacto da pandemia de coronavírus, a temporada de 2020 foi de grandes filmes. O ano que está começando nesta sexta-feira (1º) também promete.
Não sei se verei no cinema ou em plataformas de streaming, mas estou ansioso pela estreia, no Brasil, de um punhado de títulos cotados ao Oscar — os indicados serão anunciados em 15 de março, e a cerimônia está marcada para 25 de abril.
Entre eles, está First Cow, de Kelly Reichardt, que o amigo baiano Cristiano Contreiras, resenhista assíduo no Facebook, elegeu como seu preferido de 2020.
A história se passa em 1820. O cozinheiro Cookie Figowitz (John Magaro) é contratado por um grupo de homens para fornecer seus serviços gastronômicos em uma expedição de caça de peles nos territórios do Estado do Oregon. Durante a longa viagem, ele conhece King-Lu (Orion Lee), um chinês misterioso que está fugindo de um grupo de russos que deseja se vingar. Ainda sem previsão de lançamento no Brasil, o filme concorre a quatro troféus no Gotham Awards, premiação destinada a produções independentes (o teto do orçamento é de U$ 35 milhões) que conhecerá seus vencedores em 11 de janeiro.
Uma Noite em Miami entra em cartaz no Amazon Prime Video em 15 de janeiro. Marca a estreia como diretora da atriz Regina King — vencedora do Oscar de coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse (2018) e premiada como o Emmy pelo seriado Watchmen (2019) — e imagina um encontro histórico entre quatro ícones negros no auge do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, em 1964. São eles o boxeador Cassius Clay (interpretado por Eli Goree), futuro Muhammad Ali, o ativista Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), o cantor Sam Cooke (Leslie Odom Jr.) e o jogador de futebol americano Jim Brown (Aldis Hodge).
Falando no tema do racismo, depois de Os 7 de Chicago fiquei com a curiosidade ainda mais aguçada por Judas e o Messias Negro. Daniel Kaluuya, o protagonista de Corra!, encarna Fred Hampton, vice-presidente dos Panteras Negras, assassinado em 1969, à época do julgamento reconstituído no filme em que Yahya Abdul-Mateen II vive Bobby Seale, um dos fundadores do partido. A direção é de Shaka King, e a data de estreia no Brasil está prevista para 25 de fevereiro.
Dono de um dos títulos mais intrigantes dos últimos tempos, Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre já está disponível no Now, no Google Play e no YouTube. Escrito e dirigido por Eliza Hittman, conta a história de uma adolescente (Sidnei Flanigan) de uma comunidade rural da Pensilvânia que descobre estar grávida e busca o aborto. Ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim e disputa duas categorias no Gotham.
Nomadland tem roteiro e direção da chinesa Chloé Zhao — é, as mulheres estão mandando ver, como já deu para perceber. A sinopse diz o seguinte: após o colapso econômico de uma cidade empresarial no Estado de Nevada, mulher (Frances McDormand) faz as malas, embarca em sua van e cai na estrada, explorando uma vida fora da sociedade convencional, como uma nômade moderna. Recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e deve chegar ao Brasil em 18 de março.
Americano de origem coreana, Lee Isaac Chung assina Minari, vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance. É a saga de uma família da Coreia do Sul que se muda para uma fazenda no Arkansas em busca do sonho americano. No elenco, Steven Yeun, o Glenn do seriado The Walking Dead, e Han Ye-ri, do filme Haemoo. Talvez chegue ao Brasil no final de fevereiro.
Por fim, quero matar saudade de uma atriz inglesa que adoro: Carey Mulligan, indicada ao Oscar por Educação, coadjuvante de luxo em Drive e Shame e protagonista do filme Não me Abandone Jamais e da minissérie Collateral. Agora, ela estrela Promising Young Woman, thriller de humor macabro da cineasta estreante Emerald Fennell, que não tem nem título brasileiro ainda.
Franquias e superproduções também me atraem. Se entre os filmes independentes há muitas diretoras, aqui personagens femininas estão no centro das atenções. E a diversidade étnica também tem destaque.
Em 007: Sem Tempo para Morrer, de Cary Fukunaga, a atriz negra Lashana Lynch vai assumir o codinome deixado por James Bond (Daniel Craig). A estreia está marcada para 1º de abril.
No dia 22 de abril, chega Um Lugar Silencioso — Parte 2, de John Krasinski. Logo após os eventos do primeiro filme — um sucesso de público e de crítica no gênero do terror —, a família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe) precisam encarar o mundo lá fora e descobrir outras ameaças.
Em Viúva Negra, da diretora Cate Shortland, a superespiã confronta seu passado sombrio na Rússia. Scarlett Johansson ganha a companhia de Florence Pugh, protagonista do excelente Midsommar e indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Adoráveis Mulheres. O lançamento será em 29 de abril.
Ainda no universo cinematográfico Marvel, teremos a estreia de seu herói chinês das artes marciais, Shang-Chi e a Lenda dos 10 Anéis, de Justin Daniel Cretton, previsto para julho. E a chinesa Chloé Zhao dirige Os Eternos, que entrará em cartaz em novembro.
Para fechar o pacote, em outubro haverá uma nova ficção científica do cineasta franco-canadense Denis Villeneuve. Depois de A Chegada e Blade Runner 2049, ele aventurou-se em adaptar Duna, série literária de Frank Herbert que já havia sido levado às telas em 1984, por David Lynch. O elenco atual é espetacular: Timothée Chalamet, Zendaya, Jason Momoa, Rebecca Ferguson, Dave Bautista, Charlotte Rampling, Stellan Skarsgard...
Ah, e devo confessar que, apesar de filmes de monstro não serem minha praia, não vejo a hora de estrear, em 20 de maio, Godzilla vs Kong. Isso porque o diretor, Adam Wingard, fez um dos títulos mais interessantes que eu descobri no ano passado, O Hóspede (2014).