Difícil definir o momento em que me apaixonei por Adoráveis Mulheres. Muitas cenas competem. Por exemplo, aquele lindo plano na praia, onde duas das irmãs March, a radiante Jo e a enferma Beth, conversam sobre a crise de criatividade da primeira e a iminência da morte que se abate sobre a segunda por causa de uma doença – que, no contexto do filme, os Estados Unidos da década de 1860, em meio à Guerra Civil, é a febre escarlatina, mas que, graças à sensibilidade do diálogo, poderia ser um mal do nosso tempo, a depressão. Ou quem sabe, mais para frente na trama, quando Amy, a aspirante a pintora e a esposa de um homem rico, trava com o bon-vivant de bom coração Laurie um debate sobre como, em uma sociedade patriarcal, o casamento é um acordo econômico, uma vez que à parcela feminina da população são escassas ou, no mínimo, desiguais as oportunidades de trabalho – mesmo no campo artístico, onde são os homens que determinam quem pode entrar no clube dos gênios (algo que soa ainda e lamentavelmente atual). Talvez eu tenha sido arrebatado mais cedo: Jo e Laurie dançando do lado de fora de uma festa na qual não se sentiam à vontade, tão animados que é como se fossem feitos um para o outro e só existissem os dois no mundo.
Estreia
A Casa das Sete Adoráveis Mulheres
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