Em mais uma coluna no clima da Feira do Livro de Porto Alegre, agora vou destacar apenas escritores vivos bastante adaptados para o cinema ou a TV. O campeão, ou melhor, o rei você já leu aqui: o nome de Stephen King aparece nos créditos em mais de 300 longas, curtas, seriados e games.
Muitos dos filmes baseados na obra do escritor americano de 73 anos estão disponíveis nas plataformas de streaming. A Netflix, por exemplo, tem nove títulos.
Os melhores são It: a Coisa (2017), com o terrível palhaço Pennywise, 1922 (2017), que é um típico conto de King sobre como a ambição pode provocar a degradação, o emocionante À Espera de um Milagre (1999), com Tom Hanks, e Jogo Perigoso (2017), apesar de o final da história ser bastante esquisito.
Para quem gostar de It, a continuação, o Capítulo Dois (2019), estreou recentemente no Now. Dois dos meus filmes preferidos da vida são baseados em Stephen King: O Iluminado (1980) e Um Sonho de Liberdade (1994), que podem ser vistos na Apple TV, no Now e no HBO Go. E o Amazon Prime Video conta com O Nevoeiro (2007), que tem um dos finais mais arrasadores que eu já vi. Um curiosidade: O Nevoeiro, À Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade são assinados pelo mesmo diretor, Frank Darabont.
John Le Carré
O inglês de 89 anos é famoso por seus romances de espionagem, muitos deles já transformados em filmes e séries. Teve até brasileiro dirigindo: em 2005, Fernando Meirelles fez o excelente O Jardineiro Fiel (em cartaz no Google Play e no YouTube), que valeu a Rachel Weisz o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Um clássico do escritor é O Espião que Sabia Demais, que rendeu a Gary Oldman uma indicação ao Oscar de melhor ator na adaptação de 2011. E a minissérie The Night Manager (2016), estrelada por Hugh Laurie e Tom Hiddleston e disponível no Amazon Prime Video, ganhou três Globos de Ouro e dois prêmios Emmy.
John Grisham
O americano John Grisham, 65 anos, andava meio sumido até que, em 2018, surgiu a minissérie documental O Inocente: Uma História Real de Crime e Injustiça, baseada no seu único livro de não ficção e disponível na Netflix. Antes, ele foi um dos queridinhos de Hollywood. Entre 1993 e 2003, oito filmes foram baseados nos seus romances sobre advogados e tribunais, cheios de intrigas nos escritórios e reviravoltas nos julgamentos.
Para mim, os melhores são A Firma (1993), com Tom Cruise no papel de um jovem ambicioso que descobre podres de seu novo e prestigiado patrão (Gene Hackman), e Tempo de Matar (1996), sobre o caso de um pai negro (Samuel L. Jackson) que, no Sul racista, se vinga do homem branco que assassinou a sua filha, ambos disponíveis no Amazon Prime Video. A plataforma também oferece O Cliente (1994), estrelado por Tommy Lee Jones e Susan Sarandon, e O Júri (2003), com John Cusack, Rachel Weisz, Dustin Hoffman e Gene Hackman. A Netflix apresenta O Dossiê Pelicano (1993), com Julia Roberts e Denzel Washington.
Nicholas Sparks
Do time que faz dramas românticos, uma figurinha carimbada é o americano Nicholas Sparks, 54 anos. Desde 1999, com Uma Carta de Amor, seus livros já renderam 11 filmes. O mais arrebatador, e o mais elogiado, é Diário de uma Paixão (2004, em cartaz na Netflix), com Ryan Gosling e Rachel McAdams vivendo, na juventude, a história que, em um asilo, James Garner conta para Gena Rowlands. Aliás, esse filme fez tanto sucesso, que o cartaz foi praticamente repetido em Noites de Tormenta (2008, disponível no Google Play e no YouTube), A Última Música (2010), Um Homem de Sorte (2012, Google Play e YouTube), Um Porto Seguro (2013) e O Melhor de Mim (2014, Google Play e YouTube).
J.K. Rowling
Sua posição retrógrada quanto às pessoas trans — especialmente mulheres trans — pode fechar portas, mas a britânica J.K. Rowling, 55 anos, é, disparado, a escritora viva mais adaptada. Só a franquia Harry Potter, agora toda disponível na plataforma HBO Go, soma oito filmes entre 2001 (A Pedra Filosofal) e 2011 (a segunda parte de As Relíquias da Morte). O trono foi encorpado por uma segunda cinessérie, Animais Fantásticos e Onde Habitam, iniciada em 2016 — o primeiro está em cartaz na Netflix, e Os Crimes de Grindelwald (2018) pode ser visto no Google Play. O terceiro, previsto para 2022, sofreu um revés recente com a demissão de Johnny Depp, convidado pela Warner a se retirar por causa das acusações de agressão contra a atriz Amber Heard no tempo em que eram casados. Há ainda a minissérie da BBC The Casual Vacancy (2015), baseada no romance policial Morte Súbita, e o seriado C.B. Strike (2017-), com as aventuras do detetive particular Cormoran Strike.
Neil Gaiman
Pra fechar, cito um autor que veio dos quadrinhos e está ganhando espaço. É o inglês Neil Gaiman, que comemora 60 anos nesta terça-feira (10). Enquanto não chega o seriado do Sandman que a Netflix está produzindo, dá para curtir a minissérie Good Omens (2019, no Amazon Prime Video), com os excelentes atores David Tennant e Michael Sheen; as séries American Gods (2017-, também no Amazon Prime Video) e Lucifer (2016-, com todas as temporadas na Netflix), que se baseia em personagem criado por Gaiman no gibi do Mestre dos Sonhos; o maravilhoso filme de animação Coraline (2009, Google Play e YouTube), a aventura Stardust (2007, Amazon Prime Video), estrelado por Claire Danes, Charlie Cox, Michelle Pfeiffer, Robert de Niro e Henry Cavill; e a mistura de romance com ficção científica Como Falar com Garotas em Festas (2017, YouTube).