Um dos rostos que ficou conhecido na mobilização de agricultores gaúchos causada pelos estragos do excesso de chuva em 2024, a produtora Graziele de Camargo vive agora a preocupação climática oposta. O tempo seco que perdura já produz estragos nas lavouras de São Sepé, na Região Central, e em outros pontos das Missões e Noroeste.
— Chove em tudo o que é lugar, menos aqui — desabafa.
Ela contabiliza em 24 de dezembro a última chuva, mas de apenas 11 milímetros, volume considerado insuficiente para dar conta da demanda hídrica das plantas. O cultivo da soja nas propriedades é feito de forma escalonada, justamente para não concentrar o risco. Há áreas que a plantação está na fase de desenvolvimento vegetativo, outras de florescimento e ainda de enchimento de grão.
Imagens feitas pela produtora mostram folhas amareladas, outras secas, da cor do solo. Mais do que a falta de chuva, condições adicionais como altas temperaturas e vento forte "também atrapalham muito".
Outro ponto que amplia a apreensão é o histórico recente de estiagens na sequência, seguidas da catástrofe climática de 2024.
— Precisaríamos, neste ano, ir super bem, para pagar um pouco o prejuízo da enchente, mas se temos perdas estabelecidas, não vamos conseguir. Como faremos para pagar essas dívidas? Por mais que tenha previsão de chuva, essas plantas que morreram, não têm recuperação — pontua Graziele.
Nesta quarta-feira (15), três municípios do Estado entraram com pedido de decreto de emergência em razão da falta de chuva: Arvorezinha, Santa Margarida do Sul e Manoel Viana.