O período de convenções partidárias começa nesta quarta-feira (20) sem que postos e alianças estratégicas estejam 100% definidas. É a primeira vez desde a redemocratização que o Rio Grande do Sul chega ao dia de início das convenções com tantas brechas abertas no tabuleiro eleitoral que precisa ser preenchido até 5 de agosto. Como alguns partidos marcaram a convenção para os primeiros dias, a saída legal é delegar à executiva a continuidade das negociações.
O maior imbróglio está no MDB, dividido entre a candidatura própria e a aliança com Eduardo Leite (PSDB-Cidadania), que já assegurou o apoio do União Brasil. Essa indefinição do MDB acaba amarrando outros acordos até que o nó seja desatado. Se o partido optar pela coligação com Leite, a vaga de vice, que por direito cabe ao União, será de Gabriel Souza. Nesta hipótese, Ana Amélia Lemos (PSD) será a candidata ao Senado e o Podemos terá de procurar outra parceria para o senador Lasier Martins disputar a reeleição. Embora o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha respondido a uma consulta dizendo que uma aliança pode ter dois candidatos ao Senado, o tempo de TV não seria dividido e cada um só poderia contar com os poucos segundos dos seus partidos de origem, o que não interessa nem a Ana Amélia nem a Lasier.
Caso o MDB mantenha a candidatura própria, Ana Amélia é o nome preferido do partido para compor a chapa como candidata ao Senado, mas ainda ficaria faltando definir o vice. A demora do MDB em se definir vem afastando outros partidos de uma possível aliança.
Vice, até agora, só o senador Luis Carlos Heinze (PP), Ricardo Jobim (Novo) e Pedro Ruas (PSOL) têm. A vice de Heinze é Tanise Sabino (PTB) que completa a chapa junto com a também vereadora Nádia Gerhard (PP), candidata ao Senado. O Novo, que não terá candidato ao Senado, escolheu Rafael Dresch como vice.
Embora já esteja acertado com o general Hamilton Mourão (Republicanos), candidato ao Senado, Onyx Lorenzoni (PL) ainda não tem vice. A vaga está em aberto e tanto poderá ser preenchida por alguém do PL ou do Republicanos como de outro partido que ainda possa entrar na coligação.
Na frente formada por PT, PCdoB e PV, a única certeza é que Edegar Pretto será o candidato a governador. Vice e candidato ao Senado deverão ser indicados por partidos aliados, embora o ex-presidente Lula e setores do PT defendam a indicação do ex-governador Tarso Genro, já que Beto Albuquerque (PSB) insiste em só disputar o Piratini. Tarso diz que não será candidato e indica seu preferido:
— Mantenho a minha definição. Nada me fez mudar a posição de não concorrer. A gente tem que saber entrar e também saber sair das disputas eleitorais e acho que o Pedro Ruas seria um grande senador.
Por ora, o PSOL não só mantém a candidatura de Ruas a governador, como completou a chapa no fim de semana. O vereador Roberto Robaina concorrerá ao Senado e professora Neiva Lazzarotto será a vice de Ruas. Neiva é vice-presidente do PSOL no Rio Grande do Sul e foi escolhida para disputar o cargo no domingo (17).
Escolhido pelo PDT para disputar o Piratini depois que Romildo Bolzan disse não, Vieira da Cunha ainda não tem vice nem candidato ao Senado. Conversa com o MDB, o PSD e o PSB, mas o diálogo esbarra na necessidade de um palanque para Ciro Gomes, candidato do trabalhismo a presidente.
Roberto Argenta (PSC) é outro que ainda não conseguiu ampliar as parcerias. Por ora, tem apenas o apoio do Solidariedade, que deverá indicar o vice.
Na mesma mesa
No melhor espírito conciliador do presidente reeleito Luiz Carlos Bohn, a posse da nova diretoria da Fecomércio, ontem à noite, teve antigos e novos adversários políticos na mesma mesa.
Os ex-governadores Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB) dividiram a mesa com o senador Lasier Martins (foto).