A resposta do PT à contraproposta do PSOL para uma possível aliança foi considerada insatisfatória pelos possíveis aliados. Convidado a integrar a Federação Brasil Esperança “e unir as forças progressistas do Estado”, o PSOL reafirmou na semana passada a disposição para conversar, mas sugeriu que Pedro Ruas seja o candidato a governador e o deputado estadual Edegar Pretto (PT), o vice. O PT, que quer Edegar Pretto no Piratini e Ruas no Senado, saiu pela tangente e divulgou nota nesta quarta-feira (6) anunciando que incorporou os três pontos programáticos apresentados pelo PSOL ao seu plano de governo.
Os pontos programáticos, que constam de uma nota publicada no site do PSOL, são “a revisão da adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal, mas sobretudo o não pagamento da dívida pública, que já foi paga, o fim das isenções fiscais para as grandes empresas e uma reforma agrária e urbana sob controle das organizações dos trabalhadores”. Nesses pontos não há diferenças substanciais entre o que o PT já defende, mas nos termos em que foram colocados restam algumas dúvidas que podem acabar prejudicando a candidatura de Pretto.
O primeiro deles é a ameaça de calote no pagamento da dívida com a União. Não pagar o que foi acordado na negociação com a União pode resultar em bloqueios de repasses para o Estado, como já ocorreu em outros momentos. A reforma agrária e urbana “sob controle das organizações de trabalhadores” pode reforçar o discurso dos adversários, de que com o PT voltariam as invasões de terra no campo, pelo MST, e de áreas públicas ou privadas nas cidades.
A inclusão desses pontos no programa de governo não comoveu o PSOL. A deputada Luciana Genro diz que soube da iniciativa pela coluna:
— Mas não muda nada, porque votamos pela manutenção do nome do Ruas para governador.
De sua parte, Ruas diz que quer o diálogo e que o PSOL já apoia o ex-presidente Lula e quer dividir o palanque, mas a direção já tomou sua decisão:
— O PSOL entende a candidatura a governador como imprescindível.