Disposto a manter a candidatura de Gabriel Souza, o MDB entrou em campo com força para desidratar o palanque de Eduardo Leite (PSDB). O alvo partido é o PSD de Ana Amélia Lemos, até então candidata natural do tucano na chapa ao Senado. Na manhã desta quinta-feira (23), cinco grão-emedebistas conversaram por mais de uma hora com a ex-senadora no Plaza São Rafael em Porto Alegre.
Participaram da reunião Fábio Branco, Sebastião Melo, José Fogaça, o próprio Gabriel e o ex-ministro Eliseu Padilha. Eles ofereceram a Ana Amélia a vaga ao Senado, com a garantia de que o ex-governador José Ivo Sartori (MDB) não só não concorrerá como ainda subirá no palanque pedindo votos para ela. Exímio articulador político e recluso há pelo menos três anos para tratamento de saúde, Padilha usou a palavra para louvar as qualidades da ex-senadora numa fala que a levou às lágrimas.
Perguntado sobre eventual intervenção do MDB nacional, o grupo rechaçou qualquer tentativa de intromissão do presidente nacional, Baleia Rossi, e disse que manterá a candidatura de Gabriel até o fim. Ana Amélia deixou a reunião mexida com o convite, sobretudo por causa da capilaridade do MDB. Recém-saída do PP, Ana Amélia perdeu centenas de prefeitos e milhares de vereadores que perfaziam sua base eleitoral no Interior. Aliada ao MDB, ela recupera máquina partidária, fundamental numa eleição majoritária.
Pouco antes da reunião com os emedebistas, Ana Amélia havia se reunido com Leite. O ex-governador reforçou o convite para que ela ocupe a vaga ao Senado, inclusive oferecendo suporte financeiro para a campanha. Ana Amélia exige exclusividade na aliança ao Senado, se negando a compartilhar o mesmo palanque de Lasier Martins (Podemos), que também flerta com o tucano - o Tribunal Superior Eleitoral decidiu na terça-feira (21), por unanimidade, que partidos que compõem coligação podem lançar mais de um candidato ao Senado. Leite garantiu que isso não será problema, mas ao cabo das duas reuniões a balança do PSD pesou mais para o lado de Gabriel do que para o tucano.
O MDB agora vai atrás do União Brasil. Nos bastidores, comenta-se que a direção nacional do partido de Luiz Carlos Busato está vetando alianças regionais com o PSDB. Diante da ameaça de retaliação financeira da executiva nacional pela insistência na candidatura própria, o MDB enxerga no União Brasil alternativa para irrigar a campanha com recursos e tempo de TV.