Mesmo com anúncio prévio do Banco Central (BC) de um leilão de US$ 3 bilhões, o dólar abriu novamente em alta nesta quinta-feira (26). O movimento se segue a outra subida acentuada na segunda-feira (23), último dia útil antes do Natal.
O leilão à vista (sem compromisso de recompra) foi feito logo depois da abertura do mercado, mas não fez muito efeito na cotação: a cotação havia encostado em R$ 6,20 (R$ 6,194) e se moderou, mas a moeda americana segue em oscilação para cima (0,3%), em R$ 6,173.
Com essa nova dose, a intervenção do BC no câmbio soma cerca de US$ 30 bilhões neste final de ano marcado ainda pelo aumento do envio de dólares ao Exterior, tanto por empresas que remetem lucros às matrizes no Exterior quanto por pessoas que aproveitam as facilidades das contas internacionais para apostar na desvalorização do real.
O que fez o dólar subir
Neste final de ano, ao menos cinco fatores se combinaram na pressão cambial. Um decorre das próprias pausas nos negócios determinadas pelos feriados, que sempre deixam o mercado mais cauteloso. Outro veio do aumento na projeção de juro e inflação do Relatório Focus. Mais um veio de estimativas de desidratação do pacote fiscal do governo no Congresso, no Brasil, com o reforço do temor de e, finalmente, a informação de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) deve espaçar a redução de juro no país.
Como o BC vem intervindo
Iniciada em 12 de dezembro, a oferta de dólares pelo BC já passa de US$ 30 bilhões, dos quais US$ 16,76 bilhões em leilões à vista, ou seja, com recursos das reservas internacionais.
A saída de dólares
Dados do Broadcast, serviço especializado no mercado financeiro do jornal O Estado de S.Paulo, apontam saída de dólares de US$ 14,7 bilhões entre os dias 2 e 19 de dezembro. Foi a maior para o período na série histórica do BC iniciada em 2008. Antes, a saída mais volumosa nos primeiros 19 dias do mês havia sido registrada em dezembro de 2019, de US$ 12,7 bilhões.