Quando o Banrisul publicou fato relevante confirmando a decisão do governo do Estado de seguir adiante com a oferta das ações que ultrapassam o número necessário para manutenção do controle público do banco, faltavam definições. Quase um mês depois, o processo de tomada de decisões avançou, até diante do fato de que a bolsa de valores brasileira, como se previa, ultrapassou a marca de de 100 mil pontos. Bateu e ficou acima disso, sinal de que o mercado financeiro tem apetite para comprar papéis de empresas.
Em valores de hoje, representaria resultado de ao menos R$ 2,5 bilhões. Como há poucas ações ordinárias no mercado, porém, pode haver variação expressiva no preço, que oscila também conforme a data e o humor do mercado no prazo escolhido. A melhor perspectiva é de que a oferta do excedente das ações – chamado de follow up no mercado financeiro e, por extensão, nos fóruns de debate sobre o tema no governo no Estado – possa ir a mercado, de fato, na vizinhança da primavera, ou seja, provavelmente em setembro. Diversas variáveis apontam para esta data.
Até lá, a reforma da Previdência deve ter sido aprovada, ao menos na Câmara dos Deputados. Se tudo correr como esperam os governos federal e estadual, poderá estar com tramitação avançada no Senado. Até agora, tem sido a perspectiva de efetivação das mudanças nas regras de aposentadoria que tem comandado o humor de investidores e especuladores.
Outro elemento de incerteza no cenário foi removido com a aprovação da nova diretoria do Banrisul pelo Banco Central. Todos os aspectos legais e burocráticos foram vencidos, agora é só uma questão de marcar a data da posse. E como a maior parte das ações preferenciais do Banrisul estão em mãos de investidores estrangeiros, as melhores práticas recomendam esperar o fim das férias de verão no Hemisfério Norte. O período de julho a agosto quase equivale, nos calendários de Estados Unidos e Europa, principais sedes de negócios em bolsa, ao intervalo entre janeiro e fevereiro no Brasil e Hemisfério Sul.
O governo do Estado tem 201.225.359 ações ordinárias (que dão direito a voto nas decisões, portanto representam o controle) do Banrisul. Pode vender, portanto, até 100.612.679 desses papéis sem deixar de ser o "dono" do banco estadual. O que necessita para manter o controle acionário é de 50% mais uma ação. Claro, a cautela recomenda manter mais do que esse número simbólico.
Além das ordinárias "excedentes", existe uma sobra de 751.479 ações preferenciais classe A (o nome vem da "preferência" em receber dividendos, mas esses papéis não dão direito a voto nas decisões internas). São as últimas desse tipo, depois que o governo Sartori vendeu as da classe B em outubro passado.