A simples retirada de uma palavra no comunicado do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) ajudou a bolsa brasileira a fechar acima de 100 mil pontos pela primeira vez na história. A marca havia sido atingida em março passado durante a sessão, mas não resistira até o fechamento. Com alta de 0,9%, o Ibovespa fechou em 100.303,4. O comitê de política monetária do Fed, equivalente ao Copom do Banco Central do Brasil (BC), reuniu-se nesta quarta-feira (19) e decidiu manter a taxa de referência do país, mas retirou do comunicado a expressão "paciente", no contexto da análise do cenário para adotar uma estratégia de mais estímulo, ou seja, de redução do juro.
Depois, em pronunciamento, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a hipótese de uma estratégia mais "acomodativa" havia se "fortalecido". Mais explícito, para um presidente de banco central, impossível. De certa forma, foi uma resposta a cogitações de que seu cargo estaria em perigo. Houve especulações de que Donald Trump planejava demiti-lo, por avaliar que o juro estava alto demais. Sim, outra vez, como no final do ano passado.
Investidores e especuladores nacionais se animam com a perspectiva de juro menor nos EUA porque o futuro rendimento menor dos papéis americanos, de menor risco, tende a incentivar gestores de recursos internacionais a buscar mercados emergentes, mais inseguros mas mais rentáveis. Além disso, reduz a remuneração de aplicações de renda fixa, aumentando a compra de ações.
No Brasil, também há muita expectativa de que a reunião desta terça-feira (19) do BC conclua pela manutenção da taxa, mas sinalização de corte já para a próxima reunião. Até a semana passada, a perspectiva era de início de ciclo de baixa em setembro, mas o mau resultado do Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) deu mais senso de urgência para medidas de estímulo à economia brasileira.