O que era esperado desde janeiro finalmente ocorreu nesta segunda-feira, 18 de março.
A bolsa de valores do Brasil tocou, pela primeira vez em sua história, o nível de 100 mil pontos. Depois de tocar os 100.040 no início da tarde, o Ibovespa fechou em incríveis 99.933,93, adiando a data em que fechará acima desse patamar simbólico. Mas mostrou,
ao subir escassos 0,86% no dia, que foi um marco construído ao longo de um período,
não um surto de otimismo de investidores e especuladores.
No entanto, o momento também guarda um ironia: os 100 mil pontos, ao menos no intraday, chegaram no mesmo dia em que o Banco Central informou aos brasileiros que o ritmo de crescimento da economia real recuou 0,41% em janeiro. O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) confirmou o que os economistas já haviam percebido na divulgação dos resultados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado.
O caminho para o recorde foi aberto com sinais de maior foco do governo na reforma da Previdência e também com o sinal positivo do apetite estrangeiro por investimentos no Brasil dado no leilão dos aeroportos, na sexta-feira (15). Mesmo que, na bolsa, atores do Exterior estejam mais cautelosos – a alta está sendo alimentada mais por brasileiros –, podem se animar no futuro. É possível que a bolsa não feche o dia em 100 mil pontos. Mas o marco atingido durante o pregão (intraday, no jargão do mercado financeiro) já é histórico.
A bolsa de valores está distante do dia a dia de muitos brasileiros, mas apesar da distância entre mercado financeiro e economia real, quando investidores e especuladores ganham dinheiro, contribuem de alguma forma para dar robustez à atividade como um todo. Esse resultado deve incentivar, por exemplo, que muitas empresas à espera de um momento mais favorável destravem seus planos de lançamento de ações no mercado. Há uma fila de ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) à espera de dias melhores. Muitos desses processos são o gatilho para expansão, contratações, ou seja, fazem a conexão do universo do dinheiro virtual para a riqueza real.