Em uma de suas queixas sobre o avanço do projeto, o ministro Paulo Guedes está certo:
a economia gerada em 10 anos pela reforma da Previdência é de R$ 860 bilhões. O ministro, que acusou os deputados a cederem ao lobby dos servidores federais, especialmente do Legislativo, também reclamou da retirada da criação do regime de capitalização, no que
foi voz quase isolada. Mas ao menos em um ponto, Guedes tem razão: na tentativa de entregar uma número mais robusto, o relator da comissão especial da Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP) incluiu "jabutis" – pontos sem relação direta com o assunto tratado – no cálculo do que a União deixará de gastar com pagamento de benefícios na próxima década, duas receitas polêmicas.
Uma é a transferência dos recursos do PIS/Pasep do BNDES, onde financiariam projeto de ampliação da atividade econômica, para tapar o rombo da Previdência.
A conta, em 10 anos, é de cerca de R$ 53 bilhões, e alcança
o total de R$ 913 bilhões informado pelo relator como "economia com a reforma".
Outro acréscimo, que eleva o cálculo para R$ 1,13 bilhões, vem da elevação de 15% para 20% na alíquota de um tributo, chamado Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), cobrado dos bancos.
É fácil pensar "problema dos bancos", mas todo sabem onde essa conta vai parar, não? Na ponta do juro cobrado do consumidor, que inclui todos seus custos, inclusive com impostos, na parcela cobrada acima de seu custo de captação, o famigerado spread. Com esse aumento de alíquota, os bancos vão arrecadar, mas quem vai pagar, de fato, serão os clientes de futuros empréstimos.