Enquanto a "usina de crises" segue com abastecimento diário, os indicadores sobre a saúde da economia brasileira vão piorando. Ontem, pela primeira vez, a média das projeções do boletim Focus do Banco Central (BC) para o PIB de 2019 veio abaixo de 1% – tamanho
da reação de 2017 e 2018. As estimativas das instituições financeiras consultadas ficou em 0,93%, o que deveria acender o alerta no Planalto. E tudo isso ocorreu depois do péssimo resultado do Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de sexta-feira, que condicionou o humor representado no Focus.
Significa que, no primeiro ano de governo Bolsonaro,
o resultado ficaria abaixo do obtido na gestão provisória
de Michel Temer. Também pela primeira vez no Focus, apareceu perspectiva de redução no juro básico, de 6,5% para 5,75%. Reflete a expectativa de corte de 0,75 ponto percentual, que deve ocorrer em três etapas – mas ainda não deve se iniciar na reunião do BC desta semana.
O pacote completo de pressão para a véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre nesta terça (18) e quarta-feiras (19) é recheado por um resultado mais preocupante e menos exposto, que tenta prever o futuro da atividade econômica no Brasil. É o Indicador Antecedente Composto da Economia Brasileira (Iace), feito em parceria entre FGV Ibre e The Conference Board (TCB), caiu 0,9% em maio, para 116,1 pontos.
Cinco dos oito componentes do termômetro, muito baseado nos índices de confiança da própria Fundação Getulio Vargas, contribuíram para o mau resultado, com destaque para o Índice de Expectativas do Setor de Serviços, que recuou 5,3% no mês passado. Conforme o pesquisador Paulo Picchetti, a forte influência negativa das expectativas indica baixa probabilidade de aumento significativo no ritmo de expansão, como ocorre em períodos pré-recessivos.