Enquanto o dólar subia a R$ 6,20, a Fecomércio-RS fazia suas projeções para a economia no próximo ano. Depois de afirmar que o ano “vai começar bem e terminar mal”, o consultor econômico da entidade, Marcelo Portugal, afirmou que a rápida deterioração dos indicadores deste final de ano deve provocar uma recessão no segundo semestre de 2025:
— A economia vai piorando ao longo do ano, vai repetir algo parecido com 2014.
Segundo Portugal, a projeção decorre das incertezas acentuadas pelo insuficiente pacote fiscal do governo, com os consequentes aumentos do dólar, do juro e da dívida.
— Sem equilíbrio fiscal não há crescimento sustentável. O BC não está conseguindo segurar o dólar, nem os leilões funcionam. Temos política fiscal frouxa e monetária apertada, ou seja, estamos com o pé fiscal no acelerador e o pé monetário no freio. É uma política esquizofrênica.
Um dos efeitos colaterais dessa situação tende a fazer com que as empresas revejam seus planos de investimento.
— As expectativas dos empreendedores se deterioraram significativamente. Se o futuro é o abismo, não vão fazer a ponte. No primeiro e no segundo trimestres, projetos já em execução devem ser mantidos, mas no segundo semestre, vai haver dificuldade de fazer investimentos.
Um tanto consternado, o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, reforçou:
— É, vamos ter recessão no final de 2025.
Como o ano vai “começar bem e terminar mal”, a Fecomércio-RS ainda projeta crescimento de 2,6% em 2025 na média nacional e de 3,1% no Rio Grande do Sul. Segundo Portugal, o Estado vai se beneficiar não só de uma boa safra, mas do dólar valorizado, que deve aumentar a renda dos exportadores. No entanto, não descarta a possibilidade de uma recessão também no RS. Mas ressalva:
— O que pode fazer a diferença é o câmbio, que pode segurar a renda no Estado.
*Colaborou João Pedro Cecchini