
Em entrevista na manha desta sexta-feira (28) ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, a promotora de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Norte e doutora em Democracia e Direitos Humanos, Érica Canuto, fez uma análise sobre os recentes casos de violência familiar, como o acontecido na última terça-feira (25), quando um pai atirou o filho de cinco anos de uma ponte em São Gabriel, na Fronteira Oeste.
De acordo com Érica, a demanda de saúde mental é um dos fatores de risco para a violência doméstica e precisa ser tratada. Porém, ela não pode ser confundida com o machismo.
— Nós temos de separar o que é demanda de saúde mental e o que é machismo. Nem todo mundo que comete esse tipo de violência tem algum problema, alguma demanda de saúde mental — destaca a promotora.
A especialista comentou que há agressores que agem em razão do sentimento de posse em relação às mulheres, em prol de uma vingança pelo fim do relacionamento.
— Ele quer maltratar, ele maltrata qualquer um. Ele maltrata a mãe dela, ele maltrata o próprio filho, né? Ele tira o emprego dela. Ele faz qualquer coisa para se vingar dela, porque ela não quer mais ele, então, nem sempre ele é louco (como a população costuma apontar) — afirma Érica.
Outro ponto levantado pela promotora foi a importância de ouvir com atenção o relato das vítimas que procuram ajuda das autoridades. De acordo com a ela, esta é uma das principais formas de prevenir a violência.
— Se a gente realmente abrir as instituições para ouvir (...) dizer: "Como foi naquele dia, o que aconteceu? Fale aí sobre a violência", mas ouvir as pessoas, sobre as circunstâncias, sobre as necessidades. Fazer uma oitiva qualificada dessa mulher e dessa criança para poder entender melhor a situação, né? Isso é complexo. Isso não é isolado — afirma.