
A mais irracional tarifa anunciada por Donald Trump, sobre todos os carros feitos no Exterior, derruba ações de empresas americanas e leva o dólar a novo recorde nesta quinta-feira (27). A onça-troy, medida básica do metal precioso, fechou em US$ 3.071,30, máxima histórica diária. Como se sabe, é um ativo para o qual os investidores correm quando avaliam que o risco subiu demais.
No Brasil, o dólar teve subida leve, de 0,38%, para R$ 5,754. Pouco perto do estrago nos EUA. O anúncio havia sido feito na quarta-feira (26), depois do fechamento do mercado financeiro, por isso o impacto ocorreu no dia seguinte. As ações da indústria automobilística tiveram quedas só comparáveis às registradas em grandes crises: GM – a que mais importa peças do México – desabou 7,3%, Ford tombou 3,9%.
As montadoras americanas haviam apelado que Trump não avançasse nesse caminho, por temer represálias e porque quase a metade dos cerca de US$ 400 bilhões em "carros" que entram nos EUA são, na verdade, partes e peças usados na indústria local.
Há crescente percepção de que decisões de Trump estão fazendo efeito contrário ao esperado. Em vez de tornar a "América grande outra vez", contribuem para encolher a chamada "riqueza disponível", que inclui os ganhos na bolsa. O índice S&P 500 da bolsa de Nova York, o mais abrangente, tem queda acumulada perto de 10% desde a posse do novo governo.
Se quase todas as tarifas prejudicam tanto os países afetados quanto a economia americana, esta é a que mais provoca danos autoinfligidos. É tão ilógica e contraproducente que se discute, nos EUA, se foi anunciada para desviar a atenção da acusação de vazamento de informações de defesa, considerada a primeira crise séria da atual administração.