
Será anunciado na sexta-feira (28) o projeto Reflora, para reconstruir uma das mais importantes riquezas do Rio Grande do Sul: sua cobertura vegetal, que ganha relevância com a disseminação da consciência de que árvores não só absorvem de gás carbônico, mas também o excesso de umidade quando ocorre chuva forte. Vítima das perdas por inundação e consciente da necessidade de reposição, a CMPC, que tem viveiros de árvores nativas além de suas plantações de eucalipto para produção de celulose, tomou a iniciativa com o governo do Estado, a Universidade Federal de Viçosa e a Embrapii. Serão mudas de canela, timbaúva, ipê, corticeira do banhado. O diretor-geral de Celulose da CMPC no Brasil, Antonio Lacerda, detalha o projeto nesta entrevista.
Como nasceu o Reflora?
É resultado de uma discussão que começou há alguns meses. Com a enchente, várias áreas foram degradadas por erosão, excesso de água, voçorocas. Com isso, muitas árvores foram perdidas. Com o governo do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal de Viçosa (MG), vamos fazer o repovoamento dessas áreas com espécies nativas. Vamos aplicar conceitos e técnicas que usadas nas áreas de plantas para fins industriais, mas nesse caso para produzir mudas de árvores nativas. Vamos usar 30 espécies de árvores para produzir 3 mil mudas. E como temos pressa, o processo de produção de mudas não será por meio de sementes, mas de enxertia, uma técnica antiga mas muito eficaz.
Como será executado?
Vamos buscar material genético das árvores das áreas afetadas. Pode ser galho, gema (formação inicial de um ramo). Vamos fazer o enxerto nos nossos viveiros, para ter desenvolvimento rápido e replantar em várias áreas do RS. Serão beneficiados 250 mil hectares, porque 44% da área da CMPC é composta por florestas nativas, e foram atingidas pela enchente. Vamos repovoar. Isso vai beneficiar muito a recuperação da flora do Estado.
Qual será o investimento?
Cerca de R$ 7,5 milhões, com o governo do Estado, a Universidade Federal de Viçosa. É um projeto muito bacana, dá muito orgulho de fazer parte disso.
E será só em áreas da CMPC?
A ideia é partir com 3 mil mudas nas áreas da CMPC atingidas pela enchente. São 250 mil hectares de florestas nativas que agora tem manchas por resultado da erosão por conta da enchente. Vamos nos concentrar nesse começo, que precisa de condições controladas. Depois, no segundo ou terceiro ano, podemos chegar a muito mais áreas do Estado. Queremos criar um banco de germoplasma (DNA de árvores conservado para pesquisa, conservação e melhoramento genético). Depois, podemos ter uma multiplicação geométrica desse trabalho.
Em quanto tempo haverá árvores plantadas?
Em 12 meses. O primeiro trabalho é ir para as áreas e coletar material, depois levar para os viveiros. Em 10 meses, estaremos plantando. Em quatro ou cinco anos, essa primeira leva já vai produzir sementes, serão arvores-mães que vão proliferar, fazer boa base de material genético para esse projeto.
A Universidade de Viçosa é referência nessa área?
Exatamente, na área de propagação de espécies vegetais, especialmente árvores para fins industriais. Mas o mais bacana é que eles vão transferir essa tecnologia para a Universidade de Santa Maria. A continuidade do projeto será com Santa Maria.
Por onde começa o projeto?
Em Guaíba, Barra do Ribeiro, Tapes, Rio Pardo, Butiá, Eldorado do Sul e Santa Maria.