
Dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo, a Braskem afirma ter proteção contra a guerra tarifária deflagrada por Donald Trump, que teve uma trégua anunciada nesta segunda-feira (12).
Com ativos industriais em diversas regiões do mundo, a gigante do setor químico tem cerca de 80% da produção nacional com venda concentrada no mercado doméstico, o que limita a parcela exportada e, portanto, impactada por tarifas.
— A Braskem tem posição privilegiada nos mercados em que atua, passando relativamente blindada em relação à toda discussão tarifária — afirmou o diretor financeiro da companhia, Felipe Jens, em apresentação de resultados do primeiro trimestre realizada nesta segunda-feira.
Conforme o CEO da Braskem, Roberto Ramos, a guerra comercial gerou "muita instabilidade e muitas dúvidas". Após as negociações entre EUA e China, Ramos prevê a retomada de "algum tipo de normalidade".
— No frigir dos ovos, depois de toda a arruaça, acho que pouca coisa vai restar. Ou seja, quem é competitivo vai continuar sendo competitivo. O dever de casa que temos de fazer fica inalterado.
A Braskem teve lucro líquido de R$ 698 milhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo um prejuízo de R$ 1,3 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
Gás na expansão
Para reduzir os custos operacionais, a Braskem estuda utilizar mais gás em suas fábricas no Brasil, substituindo o uso de nafta como matéria-prima. Há duas alternativas para implementar o plano na operação de Triunfo, segundo Ramos: importar etano líquido e/ou usar propano, brasileiro ou argentino, com acesso via Lagoa dos Patos.
A taxa média de utilização da unidade — ou seja, quanto usa efetivamente da capacidade total — é de cerca de 65%, enquanto a nacional é de 74%. E é ainda menor do que em outras regiões, como México (79%) e EUA e Europa (80%).
*Colaborou João Pedro Cecchini