
Ao menos por 90 dias, Estados Unidos e China vão fazer uma trégua na guerra comercial, anunciaram representantes americanos nesta segunda-feira (12), depois de dois dias de negociações em Genebra, na Suíça – ironicamente, na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Conforme anúncio feito apenas pelos representantes americanos, nesse período os EUA vão reduzir a cobrança de imposto de importação da China de 145% para 30%, enquanto os chineses deixarão de cobrar 125% para aplicar apenas 10%. Ainda são nível muito além da normalidade.
Os futuros das bolsas americanas saltam até 4% (Nasdaq), e o dólar no Brasil sobe 0,6% no início dos negócios. O acordo vem poucos dias depois do anunciado com o Reino Unido, na quinta-feira passada, quando Donald Trump havia afirmado que "muitos outros virão".
— O que ocorreu com essas tarifas altíssimas foi o equivalente a um embargo, e nenhum dos lados quer isso. Nós queremos comércio — afirmou Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA depois da reunião.
A presença de Bessent em Genebra evidencia o quão alto foi o nível das negociações. É bom lembrar que a decisão de elevar tarifas foi tomada de forma unilateral pela Casa Branca.
O anúncio foi feito apenas pelos representantes americanos. Além de Bessent, participou o titular do USTR (United States Trade Representative, principal órgão americano de comércio), Jamieson Greer. Os chineses costumam fazer comunicações oficiais por nota. Uma foi apresentada logo depois das declarações dos americanos, afirmando que "as consultas contínuas ajudarão a resolver questões que preocupam ambos os lados nos domínios econômico e comercial".
Embora seja uma capitulação importante dos EUA na guerra comercial deflagrada com pompa e circunstância em 2 de abril, o acordo ainda não marca seu final. De lá para cá, empresas americanas perderam bilhões de dólares em valor de mercado, o PIB dos EUA caiu e o déficit comercial aumentou.
— O que aconteceu na verdade foi uma corrida contra o tempo para que os EUA não destruíssem a economia do país e, de quebra, de boa parte do mundo industrializado, antes do Natal deste ano — observa o economista e consultor econômico André Perfeito.