Na entrevista coletiva que marcou os primeiros cem dias no cargo nesta terça-feira (9),
ao responder pergunta feita pela coluna, o governador Eduardo Leite confirmou que seguirá oferecendo ações do Banrisul ao mercado, sem se comprometer em fazê-lo apenas em bloco. Deixou aberta a possibilidade de repetir operações como a efetuada no dia anterior. Sem prévio aviso, o Estado vendeu 2 milhões de ações preferenciais classe B, arrecadando R$ 49,27 milhões (em valores líquidos de comissão). Os recursos serão usados para custeio, confirmou Leite.
– Foi uma condição de travessia – justificou. – Mantenho o compromisso de manter o Banrisul público, mas vamos fazer novas vendas de ações, inclusive das ordinárias, para ajudar a bancar os compromissos do Estado.
Leite afirmou que, depois da posse do novo presidente do Banrisul, Claudio Coutinho – que ainda não tem data prevista –, vai definir o melhor caminho para a venda. Também não descartou a hipótese de separar a área de cartões (Vero) e vender a operação, como havia sido desenhado no governo Sartori. No final do ano passado, Leite havia criticado a redução de capital do Banrisul atrelada à venda da Vero. Mesmo sem concluir a transação, a gestão da época optou por manter a cláusula, e o banco ficou R$ 353,3 milhões menor. O governador procurou estabelecer diferenças entre os processos:
– A crítica que sempre fiz às operações do passado era justamente porque estavam desconectadas da reestruturação fiscal. O Estado vendeu ações para a simples cobertura
do custeio e no final do governo. No final, o patrimônio poderia se esvair sem ter a
resolução do problema fiscal. Aí é o pior dos mundos, porque o Estado continuará precisando de recursos e não terá mais um ativo importante.
Uma das formas de operações envolvendo ações do Banrisul podem contribuir para a reestruturação fiscal do Estado e a promover investimentos, afirmou Leite, seria ajudando a formar um fundo garantidor para apoiar e alavancar parcerias com a iniciativa privada:
– Venda de ações ordinárias do banco não estão estão descartadas, pelo contrário, são analisadas como alternativas para o fundo de receita, como processo da recuperação fiscal e com a condição de viabilizar investimentos.
Leite prevê que o "melhor caminho" para o Banrisul possa estar definido até o inicio do próximo semestre:
– Se as ações ordinárias serão levadas integralmente à venda, se vamos fazer um spin off (separação) para a venda integral ou de participação nessas subsidiárias. Há uma série de alternativas, será escolhida aquela que melhor atender a sociedade gaúcha.