Acionista majoritário, o governo gaúcho pretende vender mais ações do Banrisul. Um comunicado foi enviado há pouco ao mercado financeiro pelo banco, informando do interesse do seu controlador.
Conforme o texto, será uma oferta pública de ações ordinárias excedentes. Ou seja, manterá o controle do banco estatal. Gerente de renda variável da Austro Capital, Rafael Weber informa que há pelo menos 100 milhões de ações ordinárias excedentes.
As ONs são papéis que dão direito a voto nas assembleias, ao contrário das ações preferenciais. O governo ainda tem 751.479 ações PNA, com pouca liquidez, mas que poderia arrecadar mais de R$ 17 milhões.
— Se vender todas as ações ON excedentes para ficar com 50% mais uma ação, arrecadaria R$ 2,37 bilhões na cotação atual — calcula Wagner Salaverry, sócio da gestora de fundos Quantitas.
"O Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. (“Banrisul”), em atendimento à Instrução da Comissão de Valores Mobiliários nº 358, de 3 de janeiro de 2002 e ao Parágrafo 4º do Artigo 157 da Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976, comunica aos seus acionistas e ao mercado haver sido informado pelo Estado do Rio Grande do Sul (o “Controlador”) sobre interesse na realização de oferta pública envolvendo ações excedente de controle. A oferta abrangerá ações ordinárias até o limite da manutenção do controle acionário. O Banrisul manterá seus acionistas e o mercado informados sobre quaisquer novos fatos atinentes à matéria em questão", diz a íntegra do comunicado enviado ao mercado.
No início de abril de 2019, o governo vendeu um bloco de ações preferenciais do Banrisul. Um ano antes, arrecadou R$ 484,9 milhões com um leilão, quando foram vendidos 26 milhões de papéis, cotados a R$ 18,65 por ação.
Quando anunciou a venda de ações realizada em 2018, ainda no governo anterior, a Secretaria Estadual da Fazenda chamou a operação de "Desinvestimento do Governo do Estado em Ações Preferenciais do Banrisul". Justificou a medida pelo agravamento do desequilíbrio fiscal e pela falta de recursos.
Uma operação de venda de papéis anunciada ainda antes, em outubro de 2017, incluía ações ordinárias. No entanto, o governo desistiu do negócio, alegando condições desfavoráveis de mercado na época.
Atualização: Após a publicação, a coluna recebeu por escrito um posicionamento solicitado para a Secretaria Estadual da Fazenda. Perguntamos sobre quantas ações seriam vendidas e para que seria usado o dinheiro, mas isso não foi esclarecido ainda.
"Tendo em vista a autorização do Conselho Diretor do Programa de Reforma do Estado (CODPRE), do último mês de maio, o governo do Estado esclarece que contratou o Banrisul para a coordenação de propostas de eventual colocação do excedente acionário do Banco mediante oferta pública de ações.
Reforça também que não há nenhuma operação aprovada neste momento e que somente estão sendo feitas análises coordenadas pelo Banrisul de uma eventual operação.
Nos termos da legislação vigente para companhias abertas (regulada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM), o Banrisul manterá o mercado formalmente ciente de qualquer avanço. Qualquer iniciativa neste sentido, necessariamente, será objeto de futura deliberação pelo CODPRE.
Como uma possível oferta abrangeria ações ordinárias até o limite da manutenção do controle acionário, o Estado reafirma a manutenção do controle público do Banrisul", diz íntegra da nota do governo.