Ainda faltam nada menos de três votações – um turno na Câmada, dois no Senado –, mas a reforma da Previdência avançou casas essenciais para reduzir um risco: a elevação da divída brasileira ao ponto da insustentabilidade. Por mais importante que seja, não só não resolve todos os problemas do país como cria outros. Se a economia em 10 anos é de R$ 900 bilhões, como diz o governo, esse é o valor que deixará de circular na economia nesse prazo.
Por isso, é crucial que, enquanto confirma esse passo essencial, o governo acelere medidas que permitam tanto que empresas voltem a contratar quanto que cidadãos recuperem o ânimo para consumir. Há várias na linha de largada, como a redução do juro básico e mais liberação de FGTS para dar fôlego à economia.
Há especulações sobre um eventual "pacote" que estaria sendo embalado pela equipe econômica. Dado o perfil do ministro da Economia, Paulo Guedes, não será no padrão ao que os brasileiros se habituaram até meados desta década. Uma das camadas de recheio será a lista das estatais a serem privatizadas, uma das poucas medidas estruturais com poder de aumentar investimentos e gerar empregos.
Embora os liberais rejeitem estímulos econômicos, a situação da economia brasileira tem apontado para um raro consenso entre defensores do ajuste fiscal e adeptos de uma presença maior do Estado na economia: uma retomada no programa Minha Casa Minha Vida seria capaz de movimentar o mercado, gerar postos de trabalho e responder a uma real necessidade de infraestrutura: habitação popular.