Tramandaí é um dos balneários mais antigos do Litoral Norte. Como já contei aqui na coluna, a pequena vila de pescadores começou a receber veranistas no final do século 19. Em carroças, famílias de Porto Alegre e outras cidades chegavam aos hotéis. Em função do Rio Tramandaí, os primeiros prédios não ficavam tão perto do mar quanto em outras praias.
Desde o início da ocupação portuguesa, a região foi caminho para deslocamentos por terra entre Laguna e Colônia do Sacramento. Pela costa, passavam militares, tropeiros, aventureiros e colonizadores. No livro A Saga das Praias Gaúchas: de Quintão a Torres, Leda Saraiva Soares conta que, em 1732, Manuel Gonçalves Ribeiro deu provas de povoar com gado, cavalos e mulas os campos de Tramandaí, recebendo a primeira sesmaria do Rio Grande do Sul.
Com o tempo, pescadores montaram seus ranchos nas margens do rio. Eles já estavam lá quando vieram os veranistas em busca dos banhos curativos. Em 1908, a comunidade ergueu a capela de Nossa Senhora dos Navegantes.
Sobre o nome do rio e do município, emancipado de Osório em 24 de setembro de 1965, Leda explica que a origem é do tupi-guarani. Em documentos antigos, aparecem muitas grafias: Taraman, Tramandi, Termandi, Tramandai, Taramandahy, Tamandatay, Tramandahy e Tramandaí.
A pesquisadora apresenta possíveis significados para o nome: rio dos meandros (sinuoso), rio do roedor (pela presença de capivaras e ratões-do-banhado) ou o lugar que se cerca para colher (pescar com redes). Outra opção seria rio para pescar bagres, da junção de tar (colher) e mandi (bagre).
A pescaria na ponte sobre o rio ou na plataforma no mar ainda é uma das atrações em Tramandaí.
Vídeo da década de 1950
Na década de 1950, a empresa cinematográfica Wilkens Filmes produziu o documentário Tramandaí - uma praia do Atlântico Sul. Além da rotina de banhistas à beira mar, o vídeo mudo mostra a Avenida da Igreja, hotéis, festa de carnaval e celebração de Nossa Senhora dos Navegantes. O filme faz parte do acervo do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, vinculado à Secretaria da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac).
É uma volta aos veraneios de 70 anos atrás.