O município de Anta Gorda, no Vale do Taquari, foi distrito de Lajeado e Encantado. A região de matas, entre os rios Guaporé e Forqueta, recebeu muitas famílias italianas. Chegaram os Miotto, Triches, Pasquale, Benvenuto, Botolli, Goldoni, Matiello, Grando, Andrighi e outros imigrantes que cruzaram o Atlântico em busca de uma vida nova. Com o grande número de italianos, devido às diferenças culturais, os poucos alemães e poloneses deixaram as áreas já ocupadas na região.
O curioso nome está relacionado, sim, a uma anta, que era gorda. A caça foi importante para a alimentação das famílias nos primeiros tempos da colonização. O animal que deu origem ao nome foi abatido nas proximidades da atual sede do município. Um antigo morador, Demétrio Zuffo, 97 anos, publicou livro sobre a história. Residindo atualmente no Pará, ele conta que o bicho foi abatido perto de um acampamento de agrimensores, que mediam as terras. Como nenhuma área tinha nome, quando queriam fazer referência ao ponto, passaram a citar a anta gorda. Não foi o único animal a denominar áreas da região. Zuffo lembra de localidades que eram chamadas de Burro Feio e Cachorro Morto.
A anta gorda passou a nomear um arroio e, consequentemente, toda a localidade. Quando a região foi oficializada como 4º distrito de Lajeado, em 1910, até tentaram trocar o nome. Renomearam como Carlos Barbosa, em homenagem ao então presidente do Rio Grande do Sul, Carlos Barbosa Gonçalves. É claro que o nome não pegou. Moradores continuaram falando o nome antigo. Em 1912, a resistência deu resultado. O distrito foi reconhecido com o nome Anta Gorda.
Depois da emancipação de Encantado, em 1915, Anta Gorda passou a ser o 2º distrito do novo município. Outra mudança viria apenas na década de 1960. Em 8 de dezembro de 1963, ocorreu o plebiscito para a população responder se queria a emancipação ou continuar vinculada a Encantado. Pela votação, foram 1.209 favoráveis e 223 contra a emancipação, reconhecida por lei em 26 de dezembro de 1963. As primeiras eleições municipais ocorreram em março de 1964, com um único candidato a prefeito, Arminho Miotto, presidente da comissão pró-emancipação. Pela estimativa do IBGE em 2021, o município tem aproximadamente seis mil habitantes.
Os descendentes dos imigrantes que rejeitaram a troca de nome em 1912 mantêm o orgulho do animal que é símbolo do município. A estátua de uma anta gorda está em destaque, junto ao chafariz, na praça da cidade.
Origem dos nomes de municípios do RS