A Ferrovia do Trigo foi construída para ligar o Vale do Taquari ao Planalto gaúcho. Com operação de transporte de cargas pela Rumo Logística, receberá nos meses de agosto, setembro e outubro mais uma temporada do projeto Trem dos Vales, um passeio turístico no trecho entre Muçum e Guaporé, além da nova rota de Colinas a Roca Sales. A viagem na ferrovia proporciona a observação das belezas naturais e dos magníficos viadutos.
No trajeto de 45 quilômetros de Muçum a Guaporé, os trens passam por 23 túneis e 15 viadutos. O famoso Viaduto 13 (V-13), considerado o maior da América do Sul, com 509 metros de extensão e 143 metros de altura, fica no interior do município de Vespasiano Corrêa. O número 13 é em referência à ordem dos viadutos na ferrovia.
Quando os trens passam por outro viaduto, o Mula Preta, parece que estão flutuando sobre a mata no limite dos municípios de Dois Lajeados e Guaporé. A obra deste viaduto, construído em curva, começou em outubro de 1958, sob responsabilidade da firma Machado da Costa S/A. A inauguração ocorreu em 27 de outubro de 1965, com a presença do ministro de Viação e Obras Públicas, marechal Juarez Távora. Com uma churrascada, comemoraram a entrega do viaduto depois da primeira travessia para convidados.
De acordo com a prefeitura de Dois Lajeados, o Mula Preta tem 98 metros de altura e 360 metros de comprimento. Eu fiquei curioso para entender qual a origem do nome Mula Preta. O pesquisador Gilberto Luis Dal Mas, autor do livro Caminhos de Guaporé: dos primeiros habitantes ao primeiro centenário, esclarece que um arroio chamado Mula Preta estava lá antes do viaduto. Logo, a obra ferroviária incorporou o nome do curso d´água.
E o nome do arroio? Pela região circularam tropeiros, usando trilhas. O arroio era um ponto de acampamento, local bom para animais beberem e descansarem. O nome teria surgido durante a Revolução de 1923. Uma mula preta da tropa aliada de Borges de Medeiros adoeceu e, depois de dois ou três dias, morreu no local. A arroio passou a ser conhecido como Mula Preta. A versão para origem do nome foi contada por um antigo morador da região do arroio ao pesquisador Roque Coser, de Bento Gonçalves, e ao pai dele.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)