Sabe aquelas marcas que viram sinônimo de um produto? Pode colocar na lista o Dindinho, um clássico do verão no Rio Grande do Sul. Eu falo dos veículos abertos, as jardineiras, que transportam animados passageiros pelas ruas dos nossos balneários. Várias empresas exploram os serviços em ônibus, caminhões ou carros adaptados. Em alguns casos, puxam vagões, como trens. Os veículos têm vários nomes e marcas, mas muitos passageiros chamam apenas de dindinho. E tem explicação. É o pioneirismo.
A pesquisadora Leda Saraiva Soares, autora do livro A saga das praias gaúchas: de Quintão a Torres, conta que tudo começou em 1960. Inspirado no antigo bondinho que levava veranistas dos hotéis para o mar em Tramandaí, Nery Farias criou um serviço com jeep tracionando dois vagões de passageiros. Nos verões, além de Tramandaí, passou a fazer transporte em Capão da Canoa, Xangri-lá e Cidreira. Entre 1963 e 1965, nos invernos, levou o Dindinho ao zoológico de Sapucaia do Sul.
Qual a origem do nome Dindinho? Leda explica que Nery Farias produziu em sua mecânica de Porto Alegre os veículos para o transporte em Tramandaí. Um sobrinho o chamava de dindinho o tempo todo durante uma visita ao local. Quando pensava em um nome para o trenzinho, um amigo o questionou por que não chamava a frota de Dindinho. E assim nasceu um ícone dos nossos verões.
Em 1963, colunista do Jornal do Dia publicou reclamação da troca de veículos naquele veraneio. Ruth Martins já citava o nome "dindinho" para se referir ao que classificou como os "famosos trenzinhos formados por jeep e dois vagões coloridos" de Tramandaí. Ela destacou ainda o sininho já característico.
Em 1970, o jornal Pioneiro noticiou que um trenzinho, o "dindinho", fazia o transporte do Centro ao Lago Negro, em Gramado. Em Caxias do Sul, em 1972, um supermercado oferecia como atração para a criançada o "dindinho da alegria". Vejam como o nome pegou rápido. O Dindinho virou sinônimo para os veículos abertos para transporte de passageiros, inclusive de outras empresas.
Em 1975, Nery Farias vendeu a empresa para Antônio Michelon. Angela Michelon, filha de Antônio, afirma a família fez o registro da marca "Dindinho". A empresa encerrou as atividades em 2006, quando deixou de fazer o transporte intermunicipal no Litoral Norte. Os antigos dindinhos, veículos da época da Segunda Guerra Mundial, ainda podem ser vistos em alguns eventos.
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