A multidão que invade anualmente o Parque de Exposições Assis Brasil durante os nove dias de Expointer é diversa — e já nem se trata do morador da cidade que se sente atraído pelo ambiente da feira, originalmente focada apenas no público rural.
— Hoje há um terceiro perfil de frequentador. É aquela pessoa que, se o tempo está bom, sai de casa no fim da tarde para um happy hour diferente com os amigos — observa o subsecretário do parque, José Arthur Martins.
Para atender a todos e não perder nenhuma oportunidade de negócio, comerciantes levam à feira opções para diversos gostos e bolsos.
Na loja especializada em chimarrão, por exemplo, é possível comprar bombas para o mate com preços que variam de R$ 10, a mais simples, a R$ 800 — valor de uma peça fabricada em ouro e prata, com rubis incrustados.
—Aqui vem todo tipo de gente, do consumidor mais simples ao requintado. Clientes frequentes que aproveitam a feira para renovar cuia e bomba e turistas que querem "tomar esse treco no canudinho" — brinca Letícia Briasco, administradora da Querência Cuias, que há 15 anos expõe na Expointer e foi adaptando a vitrine de acordo com as mudanças no público frequentador.
Caminhando pelas ruas e alamedas que compõem a cidade da Expointer, é possível encontrar situações inusitadas, como o caso do peão Jederson Barros, trabalhador de um centro de treinamento de cavalos crioulos em Alegrete. Ele arrumou uns minutos para deixar a cocheira e, trajando a indumentária do dia a dia — bombachas surradas e boné do patrocinador — procurava na refinada loja Dima uma bombacha especial, que pudesse vestir em passeios ou bailes.
— No Alegrete não encontro essa marca, que é mais larga no corpo, então aproveitei para comprar aqui. E o preço também estava bom — comemorava, satisfeito.
O Pavilhão da Agricultura Familiar é excelente dica se o que se deseja é garimpar lembranças e escolher presentes para levar da Expointer. Aproximadamente 20% dos 326 estandes são de artesãos que trabalham desde materiais tradicionais, como lã ou couro, a peças feitas a partir de palha de milho ou de trigo, ou ainda com a fibra da bananeira.
— Nosso diferencial é que aqui, o artesanato é restritivo: só é permitido expor produtos com matéria-prima proveniente do meio rural — revela Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola e Agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS).
Carnes nobres para todos
Vegetarianos e veganos são bem-vindos, claro, mas aos carnívoros, ir à Expointer sem provar as diversas opções de cortes especiais, é desperdiçar oportunidade. As associações de criadores de raças aproveitam a feira para divulgar ao consumidor seus produtos, que, em alguns casos, estão começando a inserção nos mercados tradicionais.
É o caso da carne ovina da raça hampshire down, que tem rebanho registrado no Estado de 6 mil animais, aproximadamente. No estande, em frente ao pavilhão dos ovinos de corte, o menu inclui espetinhos a R$ 10 para popularizar o paladar.
— Estamos em busca de um selo de qualidade dessa carne junto ao consumidor — justifica Elemar Vaiz, ecônomo do local, que vai oferecer também a la minutas de cordeiro (R$ 40) e um mix com diversos cortes — e mais linguicinha ovina — a R$ 80. Para os adeptos do vegetarianismo, é possível degustar queijos e outras especiarias provenientes do leite da ovelha.
Já no restaurante da raça suffolk, também de ovelhas de corte, a aposta é no requinte da combinação entre o carré de cordeiro e o risoto de aspargos. Outro carro-chefe é a paleta assada na brasa, que Ana Cristina Oliveira garante ser exclusividade do local. Os pratos ainda não tinham preços definidos ontem, mas a administradora da casa não vê o valor como barreira, mesmo quando se trata de um público mais humilde.
— As pessoas mais simples também vêm comer aqui, porque tem essa diferença de ser carne de ovelha, incomum — explica.
Da praça de alimentação ao restaurante refinado
— Passar fome, não se passa — sentencia o subsecretário do parque, José Arthur Martins.
E, de fato, as opções de alimentação são inúmeras. Em toda a extensão do parque, há diversas praças de alimentação que oferecem lanches típicos e sobremesas — algumas incomuns, como o sorvete na chapa, especialidade tailandesa feita sobre uma mesa a 30ºC negativos na Cia do Lanche, cujo ambiente de lanchonete acomoda 1,2 mil pessoas sentadas.
O restaurante do cavalo crioulo também aposta no volume, e sem perder o requinte: são mil lugares em ambiente de madeira, jardins decorados e lounge. O detalhe inusitado é estar ao lado das baias dos cavalos, o que oportuniza uma imersão no universo da raça.
— Aqui, nosso público é muito de estancieiros, criadores. O que querem mesmo é se sentir à vontade, como se estivessem no campo — acredita Jorge Aita, que comanda a operação.
E, independentemente de ter provado um entrecot harmonizado com vinho tinto, ou o clássico xis salada com cerveja, a banca do Rei da Cocada Baiana promete não decepcionar quem caminhar até a área das tradicionais esferas coloridas para um tira-gosto adocicado. Com dois tachos para produzir na hora as 30 variedades de cocada que oferece, Vilson Antonio Michquinis é um dos clássicos da Expointer.
— Faço cocadas há 33 anos, e há 31 venho para a feira em Esteio, sempre aqui nesse mesmo ponto — conta, orgulhoso, enquanto tenta mais um cliente com a oferta de três cocadas por R$ 10.
Destaques da programação
Sábado, 24 de agosto
9h — Ato de abertura dos portões
Local: Praça Central
11h — Debate O Futuro das Feiras Agropecuárias
Local: Casa RBS
14h — Encontros Regionais RBS TV: Bagé, Pelotas, Rio Grande (arroz e pecuária)
Local: Casa RBS
15h — Degustação de noz-pecã
Local: Estande IBpecan, Pavilhão Internacional
18h30min — Degustação de carne certificada hereford
Local: Estande da ABHB
Domingo, 25 de agosto
11h — Oficina de harmonização de queijo, doce de leite e vinho
Local: Espaço Juntos para Competir
13h — Degustação de produtos bubalinos
Local: Casa do Búfalo
14h — Chimarrão com o Artista — Exposição: Cultura e Tradição na Expointer
Local: Estância da Arte, Pavilhão Internacional
15h — Show de Shana Muller
Local: Palco principal da Expointer
18h30min — Harmonização de Queijos e Cervejas
Local: Leiteria Sindilat e Pub do Queijo