
Será a partir do solo que o Estado dará os primeiros passos na busca da resiliência climática no campo. A Assembleia Legislativa aprovou nesta terça-feira (6) lei que cria o Programa de Recuperação Socioprodutiva, Ambiental e de Resiliência Climática da Agricultura Familiar Gaúcha. O texto prevê o aporte de R$ 901 milhões em 15 mil pequenas propriedades. Fortemente impactado pela catástrofe de 2024, o setor produtivo se vê neste momento às voltas com outro problema climático, o da estiagem, que reduzirá em milhões de toneladas produção de verão.
Os dois extremos, do excesso e da falta de chuva, fazem parte do cenário imposto pelas mudanças climáticas, que já não deixam mais dúvidas sobre sua existência.
— Precisamos nos preparar para conviver com essas mudanças, ter investimentos, por parte do produtor e muito do poder público — avalia Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
Junto com Farsul, Ocergs e Famurs, a entidade participou ativamente da construção do PL 109/2025. Essas representações também estarão no comitê gestor, que fiscalizará a execução. Agora, seguem-se os trâmites legais para sanção e regulamentação do programa.
A aprovação chega junto com a total clareza do setor de que é preciso estar preparado para poder enfrentar a nova realidade climática do Estado.
— Precisamos nos estruturar produtivamente de maneira mais resiliente. Temos nos imbuído de trabalhar fortemente a questão da questão da irrigação. E discutir princípios práticas que estavam um pouco de lado e que trazem capacidade de suportar, de não sucumbir diante das adversidades cada vez mais recorrentes — pondera Eduardo Condorelli, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar-RS).
A instituição tem se somado a iniciativas em campo como as da Rede Técnica de Cooperativas (RTC), no sentido de prestar a assistência necessária para que essas ações (rotação de culturas, cuidados com o solo, uso de calcário, entre outras).
Para que a resiliência seja uma ação cotidiana, as ações, sejam na esfera pública ou na privada, precisam ser contínuas. Agora, se dá um primeiro e importante passo, mas não se pode parar por aí.