Nativa, moída grossa, tradicional, composta, pura folha. Não faltam tipos de erva-mate para fazer um chimarrão perfeito e que não entupa a bomba. A produção se adaptou às necessidades dos consumidores e, hoje, as opções estão nas bancas e prateleiras dos mercados.
A moída grossa, por exemplo, detalha Gilberto Heck, vice-presidente do Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), foi produzida na indústria para facilitar a vida de quem sofria com chimarrão entupido. Como o nome diz, a variedade é mais grossa do que a comum e tem sabor mais forte. Pela facilidade no preparo da bebida, é uma das mais usadas.
Vem ganhando adeptos a mistura da erva tradicional com essências ou chás, como verde, anis, hibisco e gengibre. Outras opções são camomila, erva-doce e hortelã.
O consumo de tererê também cresce no Brasil, explica Heck. A bebida, que faz parte da rotina dos povos da América do Sul (especialmente do Paraguai), vem sendo adotada pelos gaúchos durante o verão, substituindo o chimarrão.
Os brasileiros, segundo o vice-presidente do Ibramate, são bastante exigentes quanto à qualidade da erva. O produto deve estar sempre “bem verdinho” e, de preferência, recém-colhido.
Na hora de escolher, a dica de Heck para garantir a qualidade do chimarrão é optar pela embalada a vácuo, que conserva melhor, e verificar a data de validade.
RS lidera em produção e Paraná, em área plantada
Além de ser o berço do chimarrão, o Rio Grande do Sul é responsável por quase 50% da produção de erva-mate do país. A produção no RS em 2017 foi de 302 mil toneladas, o equivalente a 48,8% do Brasil. Hoje, cerca de 14 mil agricultores familiares trabalham com o cultivo no Estado, mas somente 5 mil têm na erva-mate a principal atividade.
A explicação, segundo Antonio Borba, assistente-técnico para erva-mate da Emater, é que os produtores estão substituindo a cultura por lavouras de soja.
Enquanto no Estado a área plantada diminui, o Paraná vem ampliando o cultivo e lidera hoje com 33 mil hectares, frente aos 31 mil hectares em solo gaúcho.
Apesar de reduzirem espaço do plantio, produtores locais estão se qualificando para aprimorar o produto. Exemplo disso é a Certificação da Qualidade da Erva-mate, concedida pela Emater. A iniciativa avalia 150 itens, desde a presença de resíduos de agrotóxicos até o monitoramento de salmonelas e leveduras.
— A cadeia da erva-mate era muito artesanal e rudimentar. De 15 anos para cá, o setor passou a se profissionalizar — explica Deniandro Rocha, coordenador do núcleo de certificação da Emater.
O mate é tão presente na cultura gaúcha, que se comemora a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), que ocorreu na primeira quinzena de maio, em Venâncio Aires.
Colaboraram Bianca Weschenfelder e Leticia Szczesny