A sequência de anos atípicos, com sucessivas estiagens, seguidas por uma catástrofe climática sem precedentes no Rio Grande do Sul, fizeram do que deveria ser uma exceção, a regra. E explicam, em parte, porque a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) decidiu não elaborar a tradicional projeção de safra para 2025.
— Como os últimos três anos foram prejudicados, os modelos matemáticos não conseguem absorver um cenário de realidade recente — explica Antônio da Luz, economista-chefe da entidade.
Outro motivo, aponta, é que ainda não se sabe a qualidade do plantio realizado no Estado no ciclo em andamento, após os estragos deixados pela enchente e com os recursos escassos do produtor diante da sequência climática desastrosa.
— É mais fácil resolver a seca do que o excesso de chuva, mas os efeitos são maiores (da estiagem). Os reflexos dela trouxeram grande dificuldade ao produtor rural — pontuou Gedeão Pereira, presidente da Farsul.
O terceiro motivo vem dos mapas de prognósticos climáticos do Inmet. A perspectiva de chuva abaixo da média sempre acende um alerta para a produção gaúcha.
— Não temos condições ainda de dizer qual o tamanho da safra. Vamos esperar e torcer para que dê tudo certo — acrescentou Luz.
Esse panorama também fez a entidade reforçar a importância da irrigação como "seguro" para os períodos de escassez de chuva.
— Água e irrigação são garantias de produtividade — frisou Domingos Velho Lopes, vice-presidente da Farsul e coordenador da Comissão de Meio Ambiente da entidade.
O dirigente citou como avanços de 2024 na busca por mais espaço ao sistema, a revisão da resolução da irrigação, com foco nos reservatórios de água — eliminando a necessidade de licenciamento dos pivôs, exigida até então — e o licenciamento municipal para açudes e barramentos com até 25 hectares. Há ainda a lei aprovada pela Assembleia Legislativa que conceitua o sistema como de interesse social e relevância pública, que precisa agora ser regulamentada.