O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Faltando mais de um ano para as eleições de 2026, a discussão sobre a sucessão estadual tomou conta dos bastidores do PP gaúcho. As articulações já vinham sendo discutidas em grupos internos, mas tomaram caráter público diante da declaração de apoio antecipada do secretário Vilson Covatti ao vice-governador Gabriel Souza (MDB), corroborada pela esposa, a deputada Silvana Covatti.
O episódio reafirmou o nome de Silvana como opção para vice na chapa de Gabriel, mas causou celeuma no partido, sobretudo entre os que preferem outras opções, como a indicação de Ernani Polo para a vaga, uma aliança com Luciano Zucco (PL) ou mesmo a candidatura própria.
Filho de Vilson e Silvana, o deputado federal Covatti Filho, presidente estadual do PP, emitiu rapidamente uma nota dizendo que discordava dos pais e que defende a candidatura própria a governador, embora o partido não tenha apresentado nenhum pré-candidato.
O fato é que as declarações provocaram agitação nos bastidores. Mesmo entre os que têm simpatia pelo governo, o movimento foi considerado precipitado, diante da distância do período eleitoral. O episódio somou-se ao descontentamento acumulado com a centralização de poder na figura de Covatti Filho, que preside o partido, a fundação Francisco Dornelles e a federação com o União Brasil no RS.
Reações
Vice-presidente estadual do partido, o deputado federal Afonso Hamm avalia que as declarações de Vilson e Silvana foram “absurdamente inoportunas”. Interpelado pelo ex-governador Jair Soares, Hamm reafirmou que não há nada decidido no partido e citou os nomes de Polo, do ministro do Tribunal de Contas Augusto Nardes e do senador Luis Carlos Heinze como opções para a majoritária.
— E tinha o nome da Silvana, mas com esses procedimentos inadequados acaba não tendo o perfil, na minha opinião, que o partido possa definir por nome. Tem que estabelecer relação de credibilidade tanto na candidatura a governador quanto em uma provável ou possível vice, lá para frente, se não tivermos a consolidação de um nome — avaliou Hamm.
Também deputado federal, Pedro Westphalen lembra que o partido formou uma comissão para discutir as candidaturas, que ainda não começou a trabalhar.
— A opinião pessoal cada um tem o direito de dar, mas quem vai tratar da sucessão é a comissão — pontuou.
As declarações também provocaram incômodo na maior parte da bancada estadual e em prefeitos progressistas, acostumados a enfrentar o MDB em duelos paroquiais. Os dois partidos são adversários históricos no Estado desde o período da ditadura.
Aliás
Enquanto Silvana Covatti e Ernani Polo são os citados para representar o PP na eventual chapa com Gabriel Souza, um terceiro nome tem potencial para entrar no páreo. Pouco afeito a brigas, o deputado Frederico Antunes joga parado e pode surgir como solução de consenso.