Campeão absoluto em volume comercializado na Expointer, o setor de máquinas prevê negociar R$ 2,4 bilhões na edição de 2019 — 5% a mais do que no ano passado, quando só em maquinários e implementos foram comercializados 2,28 bilhões.
O setor representa 99% do resultado geral de vendas, que totalizou R$ 2,3 bilhões em 2018.
— É a grande feira do segundo semestre, no Rio Grande do Sul, onde são feitos os grandes lançamentos para o próximo ano no Brasil — resume Claudio Bier, presidente do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers).
Em contrapartida, o desempenho da comercialização dos animais de raça durante o evento é negativo há quatro edições. Em 2015, a venda atingiu a marca de R$ 15,5 milhões, enquanto no ano passado, bovinos, ovinos e cavalos somaram R$ 10,2 milhões em vendas — redução de mais de um terço nos resultados gerais.
A feira de 2019, entretanto, tem tudo para ser diferente e representar a volta por cima dos animais — se não em valores comercializados durante os nove dias de exposição, pelo menos no reconhecimento e status que esse segmento tem dentro do Parque Assis Brasil.
Do ponto de vista de negócios fechados na Expointer, Leonardo Lamachia, presidente da Federação de Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), promete "comemorar se a comercialização for igual à do ano passado", em razão de cenário ainda de dificuldades econômicas internas, embora considere promissora a aprovação de reformas como a da Previdência.
— A pecuária está em franco crescimento, com o preço do boi gordo subindo, a valorização da boa genética, dos reprodutores. E, nesse momento, a agricultura ficou um pouco para trás por conta de alguns dissabores — avalia Francisco Schardong, coordenador da Comissão de Exposições e Feiras da Farsul.
— Na soja, embora o Estado tenha tido maior produção, o preço reduziu e o produtor ficou no zero a zero. Em compensação, a proteína animal tem oportunidade muito boa com essa briga lá fora — complementa o secretário da Agricultura, Covatti Filho, referindo-se à guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O capítulo mais recente da briga, que culminou com a suspensão de importações norte-americanas pelo gigante asiático, turbinou as oportunidades para a carne brasileira, que já vinha sendo beneficiada pela demanda extra chinesa, em razão da peste suína que afeta os rebanhos daquele país.
— Também abrimos o mercado chinês para o leite gaúcho — recorda Covatti Filho, lembrando outra vantagem competitiva adquirida para os rebanhos do Rio Grande do Sul.
A comercialização de terneiros vivos também gera boas expectativas, não só porque mercados como o da Turquia seguem demandando animais, mas porque a manutenção de bons patamares de exportação influencia os preços mesmo dentro do Brasil. Schardong, entretanto, não arrisca um valor mínimo para os remates.
Apesar do entusiasmo de dirigentes do agronegócio brasileiro com as perspectivas do mercado chinês para a carne brasileira, vem justamente do representante dos criadores de animais o alerta para manter a cautela.
— Claro que esse cenário gera um clima de otimismo. Mas a recomendação é que os produtores tenham muito cuidado porque são mercados sob forte ingerência política —pondera Leonardo Lamachia, da Febrac.
Agricultura familiar
Os números da agricultura familiar demonstram a consolidação do setor dentro do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, na Região Metropolitana. Depois de atingir patamares inéditos de vendas no ano passado, com faturamento 40% maior que em 2017, os pavilhões de produtos coloniais, orgânicos e artesanais alcançam uma nova marca nesta edição. Em lugar dos 280 expositores do ano passado, agora serão 326.
— A cada ano, nosso desempenho surpreende mais. Esperamos pelo menos atingir o volume do ano passado de R$ 4 milhões. A feira de 2018 foi fora do normal, no bom sentido, foi muito além do que esperávamos — revela Jocimar Rabaioli, assessor de Política Agrícola e Agroindústria da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, a Fetag.
Negócios
- 2014 - R$ 2,73 bilhões
- 2015 - R$ 1,71 bilhões
- 2016 - R$ 1,92 bilhões
- 2017 - R$ 2,04 bilhões
- 2018 - R$ 2,3 bilhões