Com os maiores efeitos da crise gerada pelo surto de peste suína africana na China ainda por vir, já é possível afirmar que a demanda do país asiático está puxando para cima os preços da proteína produzida no Brasil. De janeiro a julho deste ano, conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a receita das exportações de carne suína cresceu 23,5%.
O preço médio das exportações passou de US$ 1,89 mil a tonelada em janeiro para US$ 2,18 mil em julho, maior patamar em 12 meses, segundo Francisco Turra, presidente da entidade.
Em volume, a alta também é significativa: quase 20%. Para Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA, outro indicador é considerado importante. No último trimestre, a média de embarques foi acima de 60 mil toneladas. No ano passado, ficou em 50 mil toneladas.
— Aí você identifica tendência consistente de volume, que já reflete mais positivamente na receita. Vê preços já descolando, com os impactos da crise devendo ser sentidos mais efetivamente entre setembro e outubro, quando começa a haver a não reposição do estoque interno chinês — reforça.
A China foi destino de 35% dos embarques brasileiros neste ano. No Rio Grande do Sul, que tem três unidades aptas a exportar (duas da Alibem e uma do Frigorífico Estrela), o apetite aumentou a quantidade vendida de 30% a 40%.
— A China havia sido nosso grande comprador no ano passado, em razão de a Rússia estar com o mercado fechado. A grande mudança é o valor. Apesar de os russos terem voltado a comprar, os chineses, por necessidade, estão sendo mais agressivos no preço — diz José Roberto Goulart, diretor comercial da Alibem e presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado (Sips).