É consenso entre especialistas e indústria que os maiores impactos da demanda ampliada da China — por conta do surto de peste suína africana — virão no segundo semestre. É nesse período que deverá começar a ser sentida, de fato, a carência por proteína animal no país asiático. Até agora, os resultados que aparecem nos números das exportações do segmento refletem mais a preocupação em formar estoque diante da multiplicação de focos da doença. Mas de toda forma, já traduzem nova realidade global de preços de aves, suínos e bovinos.
— As carnes bovina e de frango também irão suprir parte da demanda. O buraco é tão grande que mexeu com o mercado global de proteína animal. A régua subiu para todo mundo — constata José Roberto Goulart, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Suínos do Estado (Sips) e diretor-presidente da Alibem.
A empresa responde pelos dois únicos frigoríficos de suínos do Rio Grande do Sul habilitados hoje para embarcar carne com destino ao país asiático. O executivo explica que praticamente todo o volume que era direcionado para a Rússia “virou” agora para a China.
Também é para lá que miram os frigoríficos bovinos. Presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Jorge Antonio Camardelli esteve na Capital, onde participou do 16º Agrimark, e estimou que até o final do mês possam sair mais 10 habilitações de novas plantas para exportar aos chineses.
O Brasil vem buscando ampliar a lista de unidades credenciadas, como foi reforçado em missão à Ásia. Hoje, são 16 associadas da entidade habilitadas a exportar para a China. Nos primeiros quatro meses do ano, 17,8% de todo o volume embarcado pelo segmento teve o país asiático como destino.
— China, Japão e Indonésia, que são mercados que buscamos, são todos de grandes volumes — observou Camardelli, sobre as conquistas que a indústria de carne bovina busca.