O anúncio de que o Brasil poderá retomar as vendas de carne bovina para a China, menos de duas semanas depois da autossuspensão, é um sinal de que a medida tomada surtiu o efeito esperado.
Ao assumir o protagonismo da situação e fazer exatamente aquilo que está previsto no acordo firmado com as autoridades chinesas, o Ministério da Agricultura mostrou que leva muito a sério seus parceiros nos negócios.
Comunicou com rapidez e transparência o caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (popularmente conhecida como mal da vaca louca) registrado em Mato Grosso. Agiu como manda o figurino e em um curto período de tempo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) se pronunciou, mantendo inalterado o status sanitário em relação à doença. Ou seja, aquele era um caso que em nada comprometia o sistema de defesa agropecuária brasileiro. Também tratou publicamente do assunto, pontuando todas as razões para a adoção da medida.
Quando se trata de um mercado gigante como o chinês, é preciso agir com toda a cautela possível. Um movimento em falso e bilhões de dólares podem se perder pelo caminho. Priorizar a China e tratá-la com a consideração que líder de importação merece não significa eliminar as possibilidades de conquistar outros destinos — tem aquele ditado sobre não colocar todos os ovos na mesma cesta. Mas mostra que o Brasil leva a sério aqueles com quem negocia.
E o momento exigia cuidados extras, uma vez que o ministério acabara de voltar de missão pela Ásia, onde buscava, entre outras coisas, a habilitação de novas unidades para a exportação.
É claro que também há o outro lado do negócio nessa história. Os chineses vivem um surto de peste suína africana que impactará de forma significativa a oferta de proteína animal dentro de casa. Portanto, precisam dos seus parceiros comerciais globais — entre os quais o Brasil figura — mais do que nunca. A pressa em retomar o fluxo de vendas era nossa, mas a necessidade de compra também era e continua sendo deles.