O posicionamento do Ministério da Agricultura pela suspensão dos embarques de carne bovina para a China obedeceu a protocolo firmado entre os dois países. E é por ter seguido a cartilha à risca que o Brasil deposita sua confiança de que os chineses avaliem logo nos próximos dias toda a documentação enviada, abreviando o auto-embargo.
— É uma coisa comum e mostra que o serviço de inspeção brasileiro está funcionando. No ano passado, mais de 20 países tiveram ocorrência como essa, atípica. Não é contagiosa, não tem perigo para ninguém, é uma coisa normal. Mostra transparência e governança do serviço de inspeção — afirmou nessa terça-feira (4) a ministra Tereza Cristina.
E ela tem razão. O caso de encefalopatia espongiforme bovina (doença conhecida como mal da “vaca louca”) atípica não é um bicho de sete cabeças. Tanto que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve inalterado o status brasileiro com relação à doença.
O problema é o risco de efeito manada em uma situação como essa. De outros países adotarem medida semelhante à do próprio governo brasileiro, suspendendo temporariamente as compras do produto nacional. Em 2012, quando outro caso atípico foi comunicado ao mercado, seguiu-se série de embargos. Alguns dos quais se mantiveram por longo período — caso do Japão, que colocou ponto final na suspensão só em 2015, três anos depois.
Representantes da indústria passaram boa parta da tarde de segunda-feira (3), quando surgiu a notícia do auto-embargo, reunidos com técnicos do ministério e com a titular da pasta.
— Esse é um procedimento normal, mostra a capacidade de diagnóstico do Brasil. A expectativa é de retomada o quanto antes — reforça Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que participou do encontro.
A pressa — ou a ansiedade — da retomada, no atual contexto, faz todo o sentido. Não só pelo peso que a China já tem nas compras de produto brasileiro — foi destino de 17,8% do volume total embarcado pelo Brasil de janeiro a abril deste ano. Mas, também, porque está prestes a abrir ainda mais espaço para a proteína animal brasileira.