Destino de quase 40% da carne suína brasileira embarcada no ano passado, a Rússia será uma ausência sentida nos negócios, ainda que alternativas tenham sido encontradas. Por conta do atual embargo ao produto brasileiro, os russos não compraram nenhuma grama da proteína neste ano. O efeito disso aparece nos números do setor. Nos primeiros nove meses de 2018, as exportações chegaram a 395,9 mil toneladas, volume 12,8% menor em relação a igual período de 2017. Em receita, o recuo é ainda maior: 26,9%, com US$ 828,5 milhões em 2018, e US$ 1,132 bilhão em 2017.
— Todas as semanas a gente acorda pensando que vai reabrir esse mercado. O Ministério da Agricultura respondeu aos questionamentos feitos — afirma Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Na avaliação do dirigente, no entanto, a indústria brasileira conseguiu preencher o espaço vazio deixado, eliminando a "russodependência". Prova disso é que a queda não acompanhou o percentual de participação da Rússia. A China, onde a peste suína africana tem impactado a produção, pesou a mão nas compras do produto brasileiro. Se somados os embarques para Hong Kong, mais de 50% da produção brasileira está sendo negociada nesses dois destinos.
Mas o setor faz questão de recuperar o comprador. O principal motivo é a remuneração superior do mercado russo.
No Rio Grande do Sul, segundo maior exportador do Brasil, a substituição da Rússia pela China é mais limitada. O Estado tem apenas duas plantas habilitadas a vender ao gigante asiático, ao passo que para a Rússia são seis frigoríficos.
— Há uma compensação, mas que não supre toda a ausência dos russos. Por isso que o Brasil trabalha intensamente para encontrar outros mercados, mas são locais em que as coisas não acontecem na velocidade que gostaríamos — pondera Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS.