Enquanto crescem os casos de peste suína africana pelo mundo, especialmente na China, onde milhares de animais foram sacrificados, o Brasil reforça a vigilância para manter a doença bem longe do país.
– O envolvimento por parte da sociedade, empresas, técnicos, produtores, passageiros e órgãos públicos, é fundamental para manter a suinocultura do Brasil livre da doença que tem se alastrado em várias partes do mundo – afirma Ronaldo Teixeira, diretor interino do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura.
A doença é transmitida por meio de vírus, por isso o alerta para que os plantéis não tenham contato com alimentos contaminados ou com pessoas que tenham viajado recentemente para países onde há focos da doença.
– É importante afastarmos qualquer tipo de risco, mesmo os mais remotos, para preservarmos o nosso grande patrimônio, ser livre da peste suína há décadas – alerta Rui Vargas, diretor-técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A peste suína africana foi erradicada no Brasil em 1984, deixando o país livre da doença. Desde que os primeiros focos do vírus foram detectados na China, ainda no começo de agosto, o sinal de alerta foi aceso. Recentemente, a confirmação de casos também na Rússia, no Leste Europeu, no Japão e na África reacendeu a preocupação.
A enfermidade é uma doença viral que não oferece risco à saúde humana, não sendo transmitida ao homem, mas é altamente infecciosa para o rebanho suíno – exigindo o sacrifício dos animais por determinação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). É mais perigosa e fatal do que a peste suína clássica.
Na China, maior produtor e consumidor mundial de carne suína, pelo menos 40 mil animais foram mortos desde agosto em razão da doença. Quarto maior exportador mundial, o Brasil quer garantir a sanidade do rebanho para continuar sendo um mercado chave para importadores. Hoje, cerca de 20% dos embarques brasileiros de carne suína têm como destino a China, seguido de Hong Kong, que responde por percentual semelhante.
– Sempre que um grande player é afetado por questões sanitárias, abre-se espaço no mercado, é um movimento natural – diz o diretor da ABPA.
A entidade ainda não tem projeção do possível impacto nas exportações brasileiras – que somaram quase 20% da produção nacional de carne suína no ano passado. Mas, mais importante do que ampliar ou fisgar novos mercados, é manter a doença bem longe daqui – mantendo a condição sanitária invejável do Brasil.