Um dia antes de vir a público a informação de que a Bayer recorreu da decisão da Justiça dos Estados Unidos que determinou indenização milionária por uso de glifosato, a companhia alemã voltou a defender o produto. No encontro sobre o futuro da produção, em Monheim, na Alemanha, encaixou um painel, inicialmente não previsto na programação, com dois executivos e um produtor, dedicado exclusivamente ao assunto. A sala completamente lotada dava uma ideia do quanto o debate em torno do uso do herbicida se mantém como ponto de interesse comum entre produtores, indústria e mídia.
A sentença em favor do jardineiro Dewayne Johnson é um marco na história recente da disputa travada com a indústria química sobre potenciais efeitos de agrotóxicos na saúde. Com câncer, o americano entrou com ação contra a Monsanto, multinacional dos EUA que agora pertence à Bayer. E acabou tendo decisão favorável, com indenização estabelecida em US$ 289 milhões.
– Temos muita confiança na segurança do glifosato. Esse produto tem um histórico de segurança impecável por mais de 40 anos- disse Jesus Madrazo, líder de assuntos agrícolas e sustentabilidade da Bayer.
Ele citou ainda que mais de 40 agências reguladoras de todo o mundo já fizeram avaliações e reavaliações sobre o produto, emitindo pareceres que “reafirmam a segurança do herbicida”.
Agricultor na Inglaterra, Guy Smith, que também é dirigente da União Nacional de Produtores, também saiu em defesa do uso:
– A diversidade de opiniões sobre glifosato na Europa faz com que os custos sejam divididos entre os produtores. E perdemos competitividade – diz Smith.
Em nota, a empresa afirmou que o requerente na ação “não conseguiu provar que glifosato causou câncer.” Liam Condon, líder da decisão agrícola da empresa sugeriu que as avaliações feitas nos Estados Unidos posam ter outra motivação que não a científica:
– Você tem decisões estranhas na Justiça da Califórnia.