No campo de ervas daninhas resistentes, o herbicida glifosato tornou-se uma dor de cabeça aos produtores – depois de ter sido considerado solução na produção de soja transgênica.
– Há uma série de plantas invasoras que o glifosato não consegue mais controlar, como a buva – confirma Luis Fernando Fucks, presidente da Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS).
Alternativa ao produto, o 2,4-D também vem apresentando perda de eficácia, levando os produtores a buscarem outros princípios ativos e formas de controle.
– É importante esclarecer que o produto não causa resistência, o que causa é o uso continuado. Mas sabemos que há uma pressão comercial muito forte em cima do glifosato – diz Dionísio Gazziero, pesquisador da Embrapa Soja.
Dependendo do grau de infestação de invasoras na soja, as perdas de produtividade podem variar de 10% a até 70%, já que as daninhas competem por luz, água e nutrientes. Além do menor rendimento, aumentam os custos. A resistência da buva pode elevar de 42% a 125% os gastos com aplicações de defensivos na safra, enquanto que a de azevém varia de 48% a 148%, segundo levantamento da Embrapa Soja.
– Nas lavouras em que há resistência de azevém e buva juntas, o aumento dos custos pode chegar a 165% – completa Gazziero.
Boa parte dos problemas no controle de ervas daninhas está relacionado à monocultura da soja, que leva o produtor a usar os mesmos produtos, facilitando a seleção de plantas. Enquanto a soja atingirá a marca recorde de 5,7 milhões de hectares na safra atual, o milho terá a menor área da história, inferior a 730 mil hectares – resultando numa rotação de apenas 12% da área.
– Infelizmente, essa é uma prática imediatista e generalizada. Precisamos retomar os conceitos do plantio direto na palha, trabalhando não apenas a cultura, mas o sistema como um todo – reconhece Fucks, acrescentando que a indústria química também tem responsabilidade na orientação do manejo adequado.