Por Maurício Albertoni Scariot e César Tiago Forte, professores do curso de Agronomia da Faculdade Ideau
A agricultura brasileira é uma das maiores do mundo e está entre os principais produtores e exportadores de alimentos. No entanto, o uso intensivo de insumos químicos, como fertilizantes e pesticidas sintéticos, tem gerado preocupações em relação à degradação do solo, contaminação da água e impactos negativos à saúde humana.
Nesse contexto, a utilização de produtos biológicos surge como uma estratégia para tornar a agricultura mais sustentável e compatível com os princípios da economia circular, que buscam maximizar a eficiência dos recursos e minimizar os desperdícios.
O futuro dos produtos biológicos na agricultura brasileira é promissor e se apresenta como uma solução estratégica para enfrentar desafios ambientais, sociais e econômicos que a agricultura enfrenta.
Um grande potencial de crescimento é o uso de biopesticidas, que são substâncias derivadas de organismos vivos ou processos biológicos para o controle de pragas. Eles oferecem uma alternativa mais segura e ecológica aos pesticidas sintéticos, que são frequentemente tóxicos para a fauna e flora não-alvo e podem causar problemas de resistência nas pragas.
No Brasil, o uso de biopesticidas tem sido impulsionado pelo aumento da demanda por produtos orgânicos e pela necessidade de atender às regulamentações ambientais mais rigorosas. O uso de biopesticidas também pode ajudar a reduzir os custos de produção agrícola, já que muitos desses produtos são mais baratos e têm efeitos mais duradouros.
De olho na biotecnologia
A biotecnologia também desempenha um papel importante no futuro da agricultura brasileira. A aplicação no desenvolvimento de produtos biológicos tem possibilitado a criação de soluções mais eficazes e específicas para a agricultura.
A utilização de microrganismos geneticamente modificados, por exemplo, pode resultar em culturas mais resistentes a doenças e pragas, além de tornar o processo de produção agrícola mais eficiente e sustentável.
A genética de plantas também pode ser aprimorada para melhorar a resistência a condições climáticas extremas, como secas e geadas, que são desafios cada vez mais presentes no Brasil devido às mudanças climáticas.
Direção à sustentabilidade
Além de benefícios técnicos e econômicos, a adoção de produtos biológicos na agricultura também reflete um movimento crescente em direção à sustentabilidade. O Brasil, como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, tem a responsabilidade significativa em reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adotar práticas que conservem os recursos naturais.
O uso de produtos biológicos pode contribuir para a redução das emissões de CO₂, já que muitos desses produtos ajudam na fixação de carbono no solo, além de promover o uso mais eficiente da água e da energia.
Mas para que a utilização de produtos biológicos se expanda de forma significativa no Brasil, é essencial que haja investimentos em pesquisa e desenvolvimento. O setor de produtos biológicos precisa de mais estudos para comprovar sua eficácia e segurança, além de garantir a sua adaptação às diferentes condições climáticas e de solo do país.
Também é necessário que os agricultores recebam suporte técnico e orientação sobre o uso desses produtos, para que possam adotá-los de forma eficiente e aumentar sua produtividade.
A regulamentação também desempenha um papel importante nesse processo. A aprovação e o registro de novos produtos biológicos precisam ser rápidos e eficientes, permitindo que as inovações cheguem ao mercado de forma ágil.
O governo e as instituições de pesquisa têm um papel fundamental nesse processo, ao incentivar a criação de políticas públicas que promovam o uso de biotecnologias e produtos biológicos. A chave para o sucesso desse futuro será a integração entre pesquisa, inovação, políticas públicas eficazes e a capacitação dos produtores rurais.
Maurício Albertoni Scariot e César Tiago Forte são pesquisadores e professores do curso de Agronomia das Faculdades Ideau. Entre em contato pelos e-mails: mauricioalbertoniscariot@gmail.com e cesarforte@ideau.com.br.