A Bayer apelou na terça-feira (18), na Justiça dos Estados Unidos, da decisão que condenou a Monsanto – comprada pelo grupo alemão em junho – a pagar US$ 290 milhões a uma vítima de câncer. A empresa é acusada de não alertar que o glifosato contido em seus herbicidas era cancerígeno.
A empresa sustenta que o glifosato tem "mais de 40 anos de uso no mundo, um extenso corpo de dados e análises científicas, incluindo análises aprofundadas pelas autoridades reguladoras dos Estados Unidos e da União Europeia, e aprovações em 160 países", não sendo responsável pela doença do jardineiro californiano Dewayne Johnson, 46 anos.
A Bayer – que já anunciou que suprimirá a marca Monsanto – afirma que Johnson não conseguiu provar no julgamento que o glifosato causou o câncer, e seus próprios advogados e especialistas teriam admitido que a "evidência epidemiológica" caiu bem abaixo do padrão de causalidade exigido pela lei da Califórnia.
Sentença
Após oito semanas nos tribunais e pela primeira vez no banco dos reús, a Monsanto foi condenada em agosto, por um júri de San Francisco, a pagar US$ 250 milhões ao jardineiro Dewayne Johnson em danos punitivos com danos compensatórios e outros custos, elevando o total a quase US$ 290 milhões.
Johnson sofre de um linfoma não Hodgkin incurável, que atribui ao fato de ter utilizado repetidamente os herbicidas RoundUp e RangerPro durante seu trabalho em uma escola, entre 2012 e 2014.
O advogado Brent Wisner, que defendeu o americano, declarou na ocasião que o resultado era uma "esmagadora evidência" de que o produto é perigoso:
— Quando se está certo, é mais fácil ganhar.
À época, a Monsanto afirmou que "sentimos empatia com o senhor Johnson e sua família (...) mas defenderemos vigorosamente este produto com 40 anos de história e que continua sendo vital, efetivo e seguro para agricultores e outros".