Depois da ameaça, veio a confirmação. A Rússia anunciou que adotará restrições temporárias para a entrada de carne bovina e suína do Brasil a partir de 1º de dezembro. A informação foi publicada no site do serviço veterinário e fitossanitário russo. Oficialmente, a explicação é de que a medida será tomada em razão da presença de ractopamina, substância de uso proibido naquele país, em produto brasileiro.
"Infelizmente, o Rosselkhoznadzor (serviço veterinário e fitossanitário) é forçado a afirmar que, de acordo com os estudos laboratoriais, os estimulantes de crescimento banidos foram novamente detectados nos produtos de criação de gado que chegam à Rússia do Brasil em 2017", afirma a nota.
O órgão acrescenta que fez contato com o governo brasileiro, mas que o diálogo "não ocorreu até o presente".
Se concretizada, a ação preocupa – e muito – a indústria, em especial a de carne suína. A Rússia é destino de até 50% dessa proteína embarcada pelo Brasil.
– Não recebemos nenhum comunicado. Mas estamos muito apreensivos. Seria um presente de grego no final do ano – afirma Francisco Turra, presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Apesar de os últimos meses do ano serem de poucos embarques – devido ao congelamento de portos na Rússia –, o dirigente entende que esse tipo de notícia acaba gerando desgaste entre os dois países. Ele lembra que o Kremlin vem pressionando o governo brasileiro, depois que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, esteve na Rússia e sinalizou com a abertura do mercado nacional para picanha bovina, trigo e pescado.
Desde 2014, os russos mantêm embargos a produtos da União Europeia e dos Estados Unidos, devido às sanções econômicas impostas por conta do conflito com a Ucrânia. Ou seja: eles dependem do produto brasileiro para seguir abastecendo o mercado interno com proteína animal. Mas pelo jeito, vão pagar para ver seus produtos entrando no Brasil.