Depois dos assassinatos de Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, e de Dezimar de Moura Camargo, conhecido como Tita, em um intervalo de quatro dias, os órgãos de segurança reforçaram suas estratégias para evitar uma onda de violência nas ruas.
Nego Jackson foi morto no sábado (23), dentro da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). Tita foi executado dentro de uma oficina mecânica em Canoas nesta quarta-feira (27). Ambos são apontados como líderes de uma facção criminosa que tem atuação em Porto Alegre e Região Metropolitana e seriam rivais de outro grupo, este com atuação centrada no bairro Bom Jesus, na Capital.
Os suspeitos da morte de Nego Jackscon são Rafael Telles da Silva, o Sapo, apontado como um dos líderes desta outra facção, e Luis Felipe de Jesus Brum, suposto integrante do mesmo grupo e preso pelo assalto milionário ao aeroporto de Caxias do Sul, em junho. Eles foram transferidos da Pecan no dia do crime. Nesta quinta-feira (28), Sapo foi encaminhado a uma penitenciária federal.
Segundo o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza, ainda na tarde de quarta-feira, dois homens foram presos em flagrante pelo assassinato de Tita.
Os detidos, segundo a polícia, integram a facção da qual Sapo seria líder. Durante a abordagem a eles houve confronto e um policial militar ficou ferido, mas não corre risco de morrer.
A polícia ainda investiga se há ligação entre as mortes de Jackson e Tita.
— Nesta fase inicial de investigação, nada pode ser descartado. Todas as hipóteses devem ser consideradas — diz o delegado Mário Souza.
Houve, ainda, outra morte de detento no sistema prisional nesta semana. Joel Silva do Nascimento, o Joelzinho, 37 anos, faleceu dentro da Pecan 4. Segundo a Polícia Civil, contudo, ele sofria de problemas de saúde e morreu em decorrência deles. Os médicos que o atenderam não identificaram sinais de violência.
As autoridades afirmam que Joelzinho era integrante de uma facção rival ao grupo de Nego Jackson e Tita, mas não confirmam que fosse a mesma organização à qual pertenceriam os suspeitos dos homicídios.
Combate à violência
Segundo o coronel Douglas da Rosa Soares, subcomandante da Brigada Militar, há operações ocorrendo dentro e fora dos presídios para impedir qualquer tipo retaliação por parte de grupos criminosos.
— Tem operações como revistas de celas e identificação de lideranças do tráfico nos bairros. As instituições estão atuando em conjunto, tanto com medidas ostensivas, medidas judiciais e medidas de administração penitenciária. O que a população mais vê são ações da Brigada saturando, fazendo abordagem, tirando armas da rua, prendendo foragidos — destaca.
O delegado Mário Souza ressalta que o número de homicídios em Porto Alegre vem diminuindo e diz que as mortes ocorridas recentemente estão sendo investigadas com prioridade. Ele também ressalta o reforço no policiamento.
— Reforçamos as equipes. Estamos trabalhando junto com o protocolo das sete medidas que foi acionado. Tem um reforço de 520 policiais militares e 76 policiais civis da DHPP. Estamos com operações especiais em andamento, mandados pontuais, operações de saturação, entre outras medidas — diz Souza.