Os cuidados para evitar as famosas "viroses de verão" devem ser reforçados nessa temporada, especialmente entre aqueles que planejam visitar algumas cidades de Santa Catarina, como Florianópolis e Balneário Camboriú.
Após as festividades de fim de ano, os municípios registraram um aumento nos casos de doenças infecciosas gastrointestinais, as quais provocam sintomas como diarreias, vômitos e dores pelo corpo.
Nas últimas quatro semanas de dezembro de 2024, de acordo com a sala de situação da Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, foram registrados 1007 casos de doenças diarreicas em Florianópolis. Em comparação, foram 962 casos no mesmo período de 2023. Já a primeira semana de 2025 encerrou com 499 confirmações, uma redução de 36% em relação ao período posterior ao Réveillon do ano passado.
Embora essas condições sejam popularmente chamadas de viroses — supondo que sejam provocadas por vírus —, até o momento, não se sabe o agente causador das infecções. Entre os principais motivadores estão o rotavírus, norovírus e o adenovírus, mas as doenças também podem ser provocadas por bactérias.
Mais gente na praia
O aumento dos casos está diretamente ligado ao aumento populacional observado nessas regiões durante a temporada, assim como ao descuido com hábitos de higiene e à condição de balneabilidade das praias.
— As principais causas são a aglomeração de pessoas e o consumo de água e alimentos contaminados. Além disso, o banho em água considerada imprópria, tanto em mar quanto em rio. As pessoas infectadas começam a transmitir a doença porque esse vírus transita nas fezes, contaminando as mãos, e possivelmente alimentos. É uma cadeia — aponta Luciano Goldani, médico do serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Como evitar as doenças infecciosas gastrointestinais
O médico Luciano Goldani pontua uma série de ações que as pessoas devem estar atentas para prevenir que as doenças sejam contraídas. As medidas são reforçadas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), vinculada à Secretaria da Saúde de Santa Catarina.
- Lave as mãos frequentemente com água e sabão ou com solução antisséptica, como álcool em gel, principalmente antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular e preparar alimentos, amamentar e tocar em animais
- Preste atenção nas condições de higiene do local que está comprando alimentos e realizando refeições
- Consuma água filtrada ou fervida. O mesmo é válido para a água utilizada para confecção de gelo
- Coma alimentos bem cozidos e evite os mal passados ou crus
- Cuide da refrigeração, do armazenamento e da data de validade dos alimentos
- Confira se os alimentos estão bem embalados antes de comprá-los
- Beba bastante água
- Não entre em águas classificadas como impróprias para banho. É possível conferir a indicação de propriedade nas placas indicativas nos locais de água doce ou salgada e pelo boletins semanais divulgados no site do Instituto de Meio Ambiente de Santa Catariana (IMA)
Goldani ainda enfatiza que a população deve estar atenta à prevenção não apenas em épocas de surto das doenças.
— Isso tem que ser feito antes que os surtos apareçam. As pessoas têm que estar conscientes que, toda vez que elas vão para praias superlotadas, elas precisam ter esses cuidados. A educação da população em termos de prevenção é muito importante e as ações devem ser feitas em todos os verões — diz o especialista.
Sintomas e tratamento
Após a contaminação, os sintomas mais comuns são diarreia, dor abdominal, vômitos, dor no corpo e febre. A orientação é procurar atendimento médico para receber as orientações mais adequadas a depender do caso.
Geralmente, o manejo envolve o alívio dos sintomas e uma boa hidratação, já que não há um tratamento específico para os principais agentes causadores das viroses de verão.
A ida ao serviço de saúde torna-se fundamental para que seja possível contabilizar os dados de infecções e monitorar os casos nas regiões.
Essas condições, quando não cuidadas, podem levar a quadros graves de desidratação. A partir disso, o infectologista lembra que é necessário ter uma atenção especial com relação às crianças.
— Elas desidratam de forma mais rápida. A doença costuma ser mais grave, então o cuidado deve ser redobrado.
*Produção: Carolina Dill