Foi anunciado nesta terça-feira (7) pela Meta, dona do Facebook e do Instagram, que o seu programa de verificação de fatos será encerrado. De acordo com o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, serão adotadas pela Meta as "notas da comunidade", um recurso similar ao implementado pela plataforma X, de Elon Musk.
Por meio de uma publicação no Instagram, o CEO informou que o foco será em filtros para combater violações legais e de alta gravidade.
"Para casos de menor gravidade, iremos depender de denúncias antes de tomarmos qualquer ação", afirmou o empresário no vídeo.
Zuckerberg justificou a escolha como um retorno "às raízes em torno da liberdade de expressão".
— Governos e veículos de mídia tradicional têm pressionado por censura cada vez mais — acusou ele.
No sistema anunciado pela Meta, a moderação de conteúdo é realizada pelos próprios usuários, que podem adicionar notas explicativas às publicações. A empresa, porém, não esclareceu se a mudança será implementada em todos os mercados onde a Meta atua ou apenas nos Estados Unidos.
Atualmente, a Meta disponibiliza uma plataforma em que postagens marcadas por usuários como potencialmente desinformativas são colocadas para avaliação de verificadores de fatos independentes.
Esses verificadores de fatos observam os conteúdos ali produzidos, fazem as eventuais checagens e, se o conteúdo é desinformativo, podem marcar a postagem como sendo falso, enganoso ou fora de contexto.
A Meta remunera os verificadores de fatos por esse trabalho, com um limite de checagens pagas por contrato.
Relação com Trump
O anúncio de mudança de estratégia ocorre no momento em que Zuckerberg tem feito esforços para se reconciliar com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, incluindo uma doação de US$ 1 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) para seu fundo de posse.
Trump tem sido um crítico severo da Meta e de Zuckerberg nos últimos anos, acusando a empresa de apoiar políticas liberais e de ter uma visão tendenciosa contra os conservadores.
O magnata republicano foi expulso do Facebook depois que seus partidários invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em Washington, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória do rival democrata Joe Biden. No entanto, a empresa restabeleceu a conta no início de 2023.
Zuckerberg também jantou com o futuro presidente na residência de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, em novembro, em outra tentativa de consertar o relacionamento da empresa com o candidato republicano após sua vitória eleitoral.
Outro gesto recente de Zuckerberg para com o governo Trump foi a nomeação, na semana passada, de Joel Kaplan, um membro do Partido Republicano, para chefiar os assuntos públicos da Meta, substituindo Nick Clegg, ex-vice-primeiro-ministro britânico.
— Muito conteúdo inofensivo é censurado, muitas pessoas são injustamente presas na "cadeia do Facebook" — disse Kaplan em um comunicado, insistindo que a abordagem atual da moderação de conteúdo "foi longe demais".
Como parte da reestruturação, a Meta disse que transferirá suas equipes de confiança e segurança da Califórnia, onde as opiniões liberais são generalizadas, para o Texas, um Estado mais conservador.
— Isso nos ajudará a criar confiança para fazer esse trabalho em lugares onde há menos preocupação com os preconceitos de nossas equipes — disse Zuckerberg.