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Discurso ideológico
Opinião

Zuckerberg "se livra de checadores" e abre espaço para manifestações racistas e homofóbicas nas redes sociais

Ao adotar "notas da comunidade", como no X, de Elon Musk, Meta fecha os olhos para a desinformação e se alia a Trump

Isabel Marchezan

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Reprodução / Instagram / @zuck
Zuckerberg emitiu o comunicado em vídeo publicado nas suas redes sociais.

Depois de arregimentar Elon Musk, Donald Trump conquistou um escudeiro de mais peso ainda no terreno digital.

Mark Zuckerberg, dono do império que engloba Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou nesta terça-feira (7) que não vai mais pagar pela checagem de informações postadas em suas redes sociais. E isso tem um peso político enorme: está alinhado ideologicamente com o homem que assume a Casa Branca no próximo dia 20.

O discurso postado no perfil pessoal do dono da Meta é contundente: 

— Chegamos a um ponto em que há muitos erros e muita censura. As últimas eleições também parecem ser um ponto de inflexão para voltarmos a priorizar o discurso. Por isso, vamos voltar às nossas raízes e focar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas — destacou.

— Em primeiro lugar, vamos nos livrar dos checadores de fatos e substituí-los pelas notas de comunidade, semelhante ao X (de Musk), começando pelos Estados Unidos. Depois que Trump foi eleito em 2016, a mídia de legado escreveu sem parar sobre como a desinformação era uma ameaça à democracia. Nós tentamos de boa fé endereçar essas preocupações sem nos tornarmos árbitros da verdade. Mas os checadores simplesmente foram muito politicamente direcionados e destruíram, muito mais do que criaram, especialmente nos EUA — pontuou.

Zuckerberg disse abertamente que manifestações racistas e homofóbicas, por exemplo, estão liberadas: 

— Vamos nos livrar de um monte de restrições em tópicos como imigração e gênero que estão em desconexão com o discurso mainstream. O que começou como um movimento para ser mais inclusivo acabou sendo usado para calar opiniões e pessoas com diferentes ideias, e foi longe demais.

Os filtros próprios da plataforma serão aplicados apenas a conteúdos “ilegais ou violações muito graves”. E, “para violações de menor gravidade, vamos confiar que alguém denuncie o conteúdo antes de agir”, para evitar que qualquer coisa seja removida injustamente.

Recado de Zuckerberg para o Brasil

Zuckerberg atou laços com o novo presidente dos EUA, dizendo que vai trabalhar com Trump para rechaçar governos que “perseguem empresas americanas e pressionam por mais censura”. E mandou uma mensgem direcionada ao Brasil: 

— A Europa tem cada vez mais leis institucionalizando a censura (...) e países latino-americanos têm cortes secretas que podem mandar as empresas discretamente removerem conteúdos.

Para completar, ainda anunciou que está transferindo a equipe que faz moderação de conteúdo da Califórnia para o Texas, ou seja: de um Estado governado por um democrata e onde Kamala Harris venceu as últimas eleições, para outro onde Trump venceu e é governado por um republicano.

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